Digamos que em 2010, ao deixar o Planalto, Lula tivesse
80% de popularidade, uma sucessora novinha em folha saída do bolso do seu
colete, um eleitorado cativo a assegurar-lhe o retorno e um PT disposto a
morrer por ele, e a vida lhe sorrisse. A situação, agora, é a seguinte: Lula
precisa se certificar diariamente da fidelidade do PT e seus satélites. É a
única coisa que lhe resta.
Lula, no momento, busca uma explicação para o triplex do
Guarujá, que ele desistiu de comprar porque virou escândalo; e para o sítio de
Atibaia, que virou escândalo porque ele utiliza mesmo sem comprar. O triplex e
o sítio foram turbinados com verbas de empreiteiras que participaram do assalto
à Petrobras.
Quem vai ao noticiário à procura de justificativas
encontra chavões desconexos de Rui Falcão, que passam a
impressão de que o presidente do PT imagina que tudo faz parte do Carnaval.
“Nunca antes neste país um ex-presidente da República foi
tão caluniado, difamado, injuriado e atacado como o companheiro Lula”, disse
Falcão em texto divulgado nesta segunda-feira. Skindô-skindô… Para ele, um
“consórcio entre a oposição reacionária, a mídia monopolizada e setores do
aparelho de Estado capturados pela direita” trama converter Lula em “vilão”,
promovendo um “linchamento moral.” Ai, ai, ai…
Quando era oposição, o PT tratava a história como um
conchavo entre tucanos decadentes, direitistas fanatizados e empresários sem
escrúpulos. Vendia a tese segundo a qual o país precisava aceitar a ideia de
que o PT tinha de entrar na história para moralizá-la.
Quando o PT também se lambuzou no poder, Lula forneceu ao
povo a ilusão de que poderia continuar fazendo história sem se sujar. Afinal,
“não sabia de nada”. Enquanto a podridão estava restrita aos grandes números do
mensalão e do petrolão, o brasileiro humilde ainda podia perder o fio do enredo
escondido atrás das cifras.
Hoje, é diferente. Qualquer criança de cinco anos sabe o
que é um triplex à beira mar e um sítio do tamanho de 24 campos de futebol. Ou
Lula se explica ou o mito representado pela figura do retirante nordestino que
chegou à Presidência logo virará pó mesmo no imaginário do eleitor cativo. O
lero-lero de Rui Falcão, por inútil, apenas ofende a inteligência alheia,
acelerando a desmoralização.
Fonte: Blog do Josias
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