Lula refugiado num ministério para escapar às barras da Justiça é o
último degrau de um escabroso poleiro moral.
Só um país governado pelo petismo pode levar às manchetes
de seus jornais notícia tão desonrosa: um ex-presidente da República,
investigado por decisão da Justiça Federal, medindo a curta distância que o
separa da porta da cadeia, cogita aceitar, de seu partido, refúgio num cargo de
ministro. Bastaria um miligrama de senso ético por litro de sangue desse corpo
político chamado Partido dos Trabalhadores para que a medida causasse
vermelhidão no rosto e fotofobia, tornando obrigatório a todos o uso de óculos
bem escuros e boné de aba baixa.
Escandaloso? E quando foi que os escândalos voltaram a
escandalizar o país? Note-se: essa é uma decisão praticamente consensual
entre a elite partidária. Que se pode esperar da militância, menos dada a
operar com relações de causa e efeito? O idioma inglês disponibiliza para
situações moralmente repugnantes uma expressão muito forte: "Shame on
you!", que se pode traduzir por "Caia vergonha sobre você!".
Funciona como acusativo e como indicativo de repulsa social a um ato infame.
Shame on you, Lula! Shame on you, PT! Lula refugiado num ministério para
escapar às barras da Justiça é o último degrau de um escabroso poleiro moral.
Mas não é só isso. A ida de Lula para um cargo no
Planalto é, também, a última tábua de salvação proporcionada ao governo que
naufraga. Não há mais um sarrafo sequer no oceano de "marolinhas" em
que afunda para mergulho abissal. Logo a militância petista tentará vender a
situação ao país como se Lula fosse o príncipe que chega, montado num cavalo
branco, para salvar a princesa de casaquinho vermelho. E decretarão um ano de
festas e felicidade geral. Sim, sim, têm conversa para tudo, mesmo com João
Santana preso.
Escrito por Percival Puggina para o Mídia Sem Máscara
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