Jorge
Picciani, pai do deputado e líder da bancada na Câmara Leonardo Picciani,
adotou o discurso de que o vice-presidente Michel Temer é a pessoa capaz de
tirar o País da crise que a unidade do PMDB é crucial neste momento de
incerteza
O presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani |
Rio - Um dos mais contundentes defensores da permanência
de Dilma Rousseff no cargo até agora, o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani,
pai do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, avaliou em uma reunião
fechada, na última quarta-feira, 8, que a presidente cairá em 90 dias.
Reportagem publicada nesta sexta-feira, 11, pelo jornal "Extra"
reproduz o comentário de Picciani, que também preside a Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj).
O dirigente peemedebista falava sobre a Lei de
Responsabilidade Fiscal do Estado, enviada pelo governador Luiz Fernando Pezão
(PMDB) ao Legislativo e que enfrenta forte resistência inclusive dos aliados.
"Se você perguntar minha opinião, o governo federal vai cair nos próximos
meses. A crise vai aumentar aqui (no Rio de Janeiro). Essa é uma opinião
política. Não fui eu que dei ela aqui", afirmou Picciani.
O presidente do PMDB-RJ disse a aliados que suas
declarações na reunião da última quarta-feira foram gravadas sem que ele
soubesse e reclamou de "deslealdade" de um dos presentes. Segundo um
participante da reunião, o presidente do PMDB-RJ criticava Pezão por acreditar
que a proximidade com a presidente Dilma pode ajudá-lo a resolver a grave crise
econômica do Estado.
Nesse contexto, o peemedebista disse acreditar que Dilma
não conseguirá se sustentar no governo. Esta é, de fato, a avaliação de
lideranças do PMDB-RJ, depois das notícias sobre a delação premiada do senador
Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, que ficou preso por
três meses na Operação Lava Jato, acusado de tentar dificultar as investigações
sobre o esquema de corrupção na Petrobrás. Delcídio disse que Dilma tentou
influenciar no Judiciário para que executivos de empreiteiras presos preventivamente
fossem soltos.
O avanço das investigações que envolvem o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, por suspeita de ocultação da propriedade de um
apartamento em Guarujá e um sítio em Atibaia, também colaboram para aumentar a
fragilidade de Dilma, na avaliação de peemedebistas fluminenses.
Jorge e Leonardo Picciani se reaproximaram de Dilma no
ano passado, depois de apoiarem o tucano Aécio Neves na disputa presidencial de
2014. Leonardo negociou diretamente com a presidente a indicação dos ministros
da Saúde, Marcelo Castro, e de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. O líder se
indispôs com a ala oposicionista do PMDB e chegou a ser afastado da liderança
por uma semana. Mas manteve o discurso contra o impeachment e em defesa de
Dilma.
Agora, no entanto, os Picciani veem grande desgaste da
presidente, mas não adotarão postura defendida por boa parte do PMDB, de
rompimento ou de independência em relação ao governo. "Eles não vão
tripudiar, mas sabem a situação é muito mais difícil agora", diz um aliado
dos Picciani.
Jorge Picciani adotou o discurso de que o vice-presidente
Michel Temer é a pessoa capaz de tirar o País da crise que a unidade do PMDB é
crucial neste momento de incerteza sobre o futuro de Dilma. A tese de
peemedebistas para um possível governo Temer é que ele adote um discurso de
conciliação com o Congresso, para aprovar um pacote fiscal mínimo, reduza
drasticamente o número de ministérios e diga que não tem intenção de disputar a
reeleição em 2018, como forma de atrair a confiança de líderes
partidários.
Por Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
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