O governo está empenhado desqualificar a gravação feita
pela operação Lava Jato que captou a conversa entre a presidente Dilma Rousseff
e o atual ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva às 13h32 da
quarta-feira 16 e pode ser decisiva para o impeachment. Para tanto, emissários
procuraram o perito Ricardo Molina e fizeram dois questionamentos. Primeiro
queriam saber se o perito poderia atestar que o grampo estava no telefone da
presidente Dilma e não no de Lula, uma vez que a gravação revela sons ambientes
do gabinete presidencial.
O segundo questionamento foi sobre o horário da conversa.
O juiz Sergio Moro havia determinado o fim da autorização para as gravações às
11h12 de ontem e o diálogo interceptado ocorreu às 13h32. O governo queria que
o perito considerasse a gravação clandestina devido a essa diferença de tempo.
Molina, no entanto, foi taxativo. Disse aos interlocutores de Lula e Dilma que
a gravação é absolutamente regular. Explicou que se alguém liga para um
telefone que esteja grampeado, a gravação passa a ocorrer no primeiro toque,
mesmo antes de ser atendido. Daí a gravação dos sons ambiente do gabinete de
Dilma.
Ou seja, o telefone grampeado, com autorização judicial,
era o usado por Lula. Quanto ao segundo questionamento, Molina explicou que é
normal em todos os casos de interceptação telefônica um delay tanto no início
como no fim da operação. Afirmou que entre a determinação judicial e a efetiva
ação da operadora leva algum tempo. Disse ainda que já atuou em diversos casos
semelhantes e o Supremo Tribunal Federal não deixou de considerar a prova
válida em razão dessa diferença de horários.
Na conversa em questão, Dilma informa a Lula que está lhe mandando o termo de
posse e advertia a ele que o usasse em “caso de necessidade”. Tratava-se de
salvo conduto, uma garantia para que Lula escapasse do juiz Sérgio Moro e
contasse com o foro privilegiado garantido aos ministros. O diálogo comprova a
prática de crime de responsabilidade da presidente Dilma, que ao nomear o
ex-presidente como ministro interferiu no andamento da Justiça.
Por Mario Simas Filho para a Isto É
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