Radio Evangélica

terça-feira, 12 de abril de 2016

'Lamento que Dilma esteja perdendo o equilíbrio', diz presidente do PMDB

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente do partido
Foto:Pedro Ladeira-13.ago.2015/Folhapress
Escalado para rebater os ataques do governo ao vice-presidente Michel Temer, o senador Romero Jucá (RR), atual presidente do PMDB, afirmou nesta terça-feira (12) lamentar que a presidente Dilma Rousseff esteja "perdendo a serenidade" e o "equilíbrio" ao colocar, segundo ele, a culpa em outras pessoas dos erros cometidos pelo próprio governo.
Nesta manhã, Dilma chamou Temer de "golpista" e de "chefe conspirador". O tom mais duro contra o vice foi adotado pela presidente após o vazamento, nesta segunda (11), de um áudio em que o peemedebista falava como se o impeachment tivesse sido aprovado pelo plenário da Câmara. A votação está marcada para este domingo (17).
"Eu diria que é apelação, perda de equilíbrio. [...] Lamento que a presidente Dilma esteja perdendo a serenidade e esteja tentando culpar outras pessoas pelo desacerto do seu próprio governo. Se a presidente quer procurar pessoas que atrapalharam o governo, ela deve olhar para dentro do governo. O governo está pagando pelos erros que cometeu. Não é o presidente Michel Temer, não é nenhum membro do Congresso que tá fazendo alguma ação deliberada" disse Jucá.
O peemedebista comparou a estratégia petista de afirmar que o impeachment em curso é um golpe ao que foi feito pelo ex-presidente Fernando Collor em 1992, quando ele também enfrentou o mesmo processo no Congresso. Para Jucá, esse discurso já é "batido".
"Os erros do governo, os crimes do governo é que levaram ao processo de impeachment, não foi ninguém de fora que fez com que o governo fizesse tudo que fez. Portanto, apelar e tentar reduzir tudo isso a dizer que é um golpe é a mesma tentativa que fez Fernando Collor em 1992 no que diz respeito ao seu impeachment. Portanto, é um enredo batido, é um enredo copiado e que não deu certo. Era melhor que a presidente tivesse um pouco mais de equilíbrio e análise das suas próprias limitações", disse.
Em seu discurso pela manhã, Dilma afirmou que Temer lançou mão da "farsa do vazamento" ao ter distribuído a gravação entre correligionários. Para ela, o vazamento foi "deliberado" e "premeditado", além de ter demonstrado a "arrogância" e "desprezo" do peemedebista que, de acordo com ela, subestimou a inteligência do povo brasileiro.
Para Jucá, o processo de impeachment em curso na Câmara teve o aval do STF (Supremo Tribunal Federal) e foi proposto por juristas de renome nacional, o que demonstra a sua legitimidade.
O peemedebista também rebateu a ideia do Palácio do Planalto, divulgada pelo ministro Jaques Wagner (Gabinete Pessoal) nesta segunda, de queTemer deveria renunciar ao cargo caso Dilma consiga uma vitória no Congresso.
"Eu acho que querer propor a renúncia do presidente Michel Temer é querer imolar alguém que não tem culpa no cartório. Se o ministro Wagner tiver que propor a renúncia de alguém, o melhor para o Brasil seria que ele propusesse a renúncia da presidenta Dilma. Não sei se ele vai conseguir convencê-la", disse.
O vice-presidente tomou conhecimento das declarações de Dilma durante um almoço com o ex-ministro Eliseu Padilha, no Palácio do Jaburu.
Um assessor do vice mostrou uma reportagem com o discurso de Dilma e Temer afirmou que não iria responder pessoalmente, mas que Jucá poderia falar como presidente do PMDB. A linha do discurso foi fechada entre os aliados de Temer, que afirmam que a fala de Dilma mostra que "quando terminam os argumentos, começa a agressão".
Segundo Jucá, a cúpula do partido está trabalhando para que a bancada na Câmara "possa votar o mais unida possível" e disse esperar que o processo tenha uma rápida tramitação no Senado, o que dependerá das decisões que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda aliado do governo, tomar.
"Eu espero que o presidente Renan possa conduzir dentro da linha de direito de defesa, dentro da linha de cumprimento do regimento, mas levando em conta a urgência e as condições de dificuldade que o Brasil vive hoje. Portanto uma rápida solução é muito importante para que o país comece a reagir", disse. 


Por Mariana Haubert e Marina Dias para a Folha de São Paulo

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