A
disputa interna no PSDB pela candidatura à prefeitura de São Paulo chega ao
pior nível em quase uma década e pode beneficiar Haddad na eleição
Em briga pela indicação do candidato do PSDB à prefeitura
de São Paulo, os tucanos estão próximos de conseguir algo até há pouco tido
como impossível: levar o prefeito Fernando Haddad (PT) ao segundo turno. A
administração do petista é rejeitada por um em cada dois paulistanos (49% a
consideram ruim ou péssima, segundo a pesquisa mais recente do Datafolha).
Haddad tem a terceira pior avaliação da história entre os prefeitos de São
Paulo, atrás apenas de Jânio Quadros (1986-1989) e Celso Pitta (1997-2000), que
chegou a ser afastado do cargo em meio a um escândalo de corrupção que envolvia
vereadores e fiscais da prefeitura. No último levantamento sobre a eleição
deste ano, o prefeito apareceu com apenas 12%. Mas a situação pode mudar. Desde
2008, o PSDB não chegava tão dividido à eleição para a prefeitura de São Paulo.
Naquele ano, Geraldo Alckmin, que tinha recebido 37,5 milhões de votos contra
Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição presidencial de 2006, não
passou nem sequer para o segundo turno. O beneficiado de então foi Gilberto
Kassab, aliado informal de parte dos tucanos e que acabou eleito prefeito.
Agora, o racha no partido - que analistas e até
dirigentes partidários já têm chamado de "tucanocídio", numa
referência ao aparente impulso autodestrutivo que acomete a sigla a cada
eleição - pode beneficiar Fernando Haddad.
No campo tucano, nenhum pré-candidato - João Doria Jr.,
Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli - alcança mais que 5% nas sondagens até
agora. Para piorar, nas últimas semanas, as disputas internas entre os três
envolveram acusações pesadas nos bastidores. "Desse jeito, vai ser
impossível juntar os cacos no 'day after' das prévias", afirma um
dirigente partidário que não é diretamente ligado a nenhuma das três pré-candidaturas.
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O principal alvo dos ataques é Doria, amigo de Alckmin há
mais de trinta anos, mas sem nenhum apoio na "máquina partidária" -
ou seja, não tem ligação com os diretórios regionais nem com seus militantes. O
empresário entrou na disputa no fim de agosto do ano passado e, em dezembro,
ganhou uma declaração de apoio do governador - que agora diz ter sido apenas um
elogio, não uma chancela à candidatura. Desde então, Matarazzo, por exemplo,
nunca mais falou com Alckmin, nem sequer por telefone. Políticos ligados a
Matarazzo e a Tripoli já avisaram ao Palácio dos Bandeirantes que, se Doria for
o vencedor das prévias, com segundo turno marcado para 20 de março, não farão
absolutamente nada para ajudar na campanha tucana - isso se não decidirem
atrapalhar.
O líder disparado nas pesquisas até agora é o deputado
federal Celso Russomanno (PRB), com 34% das intenções de voto. Russomanno,
apontam as sondagens, tem agradado sobretudo a eleitores que moram na periferia
da cidade, estudaram menos e ganham pouco. É por motivos como esse que a briga
entre os tucanos tende a beneficiar principalmente Haddad. Embora tenha perdido
o pouco apoio que restava ao PT nas áreas mais afastadas, levantamentos indicam
que o prefeito se sai melhor entre os eleitores mais instruídos (20% de
intenção de voto, contra a média geral de 12%) e de maior renda (23%) -
justamente os segmentos da população que tendem a votar no PSDB. É também em
função dessa divisão dos votos que a ex-prefeita Marta Suplicy (ex-PT, hoje no
PMDB) deve brigar muito mais com Celso Russomanno do que com Haddad e o tucano
que sobreviver às prévias. A ex-prefeita ainda detém forte apoio na periferia,
ao mesmo tempo em que enfrenta alta rejeição no centro expandido.
Nas seis eleições desde que foi instituído o segundo
turno, em 1992, São Paulo jamais escolheu seu prefeito na primeira rodada de
votação. Se o "tucanocídio" abrir caminho para que Haddad chegue lá
contra Russomanno, o debate será para decidir quem é o candidato menos odiado,
já que os dois têm rejeição nas alturas. Na última vez em que uma situação
parecida ocorreu, em 2000, na disputa entre Marta e Paulo Maluf (PP), deu PT.
Fonte: veja.com.br
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