Estimativa é de que 700 mil brasileiros perderão o
emprego até a chegada do ano que vem
Quase
um em cada cinco novos desempregados do mundo em 2016 e 2017 virá do Brasil. A
estimativa é da OIT (Organização Mundial do Trabalho), que em seu mais recente
relatório sobre empregabilidade, divulgado neste terça-feira (19), acredita que
700 mil brasileiros se somarão ao contingente de desempregados até o ano que
vem, de um total que pode chegar a 3,4 milhões de pessoas ao redor do planeta.
O
País é citado diversas vezes no documento como exemplo de mercado de trabalho
em apuros. Segundo a OIT, economias emergentes como a brasileira serão as que
mais sofrerão com o desemprego em 2016.
Em
meio à crise econômica e à recessão, a sangria no mercado de trabalho do Brasil
já foi sentida em 2015: nos 12 meses até novembro, foram perdidas cerca de 1,5
milhão de vagas formais no País.
A China, que acaba de divulgar seu menor índice de
crescimento em 25 anos, por exemplo, terá 800 mil desempregados a mais nos
próximos dois anos. A desaceleração do País — que é um grande exportador e
também grande comprador de matéria-prima, inclusive do Brasil - é um dos
principais fatores por trás do recuo no emprego global, segundo a OIT.
A entidade chama a atenção também para a possibilidade de
uma acentuação do desemprego caso países emergentes adotem medidas de
austeridade - pelos cálculos da OIT, isso poderia criar um contingente extra de
2 milhões de desempregados, inclusive no Brasil.
Mas a organização também cita como causas do desemprego a
freada em investimentos de longo prazo, a diminuição nas populações
economicamente ativas e os grandes níveis de desigualdade social ao redor do
mundo.
"O ambiente econômico instável, associado a fluxos
de capital voláteis, a mercados financeiros ainda disfuncionais e à escassez de
demanda global continuam a afetar as empresas e a desencorajar o investimento e
a criação de empregos", explica Raymond Torres, diretor do Departamento de
Pesquisa da OIT, em comunicado do órgão.
A queda na demanda por commodities brasileiras é apontada
como uma das causas para aumento no desemprego
Índices
Para a OIT, o desemprego no Brasil será de 7,7% em 2016 e
7,6% em 2017 — índices abaixo da União Europeia (na casa de 9%), mas acima de
China, Índia e Rússia. A média geral dos países emergentes ficará abaixo de 6%
na projeções da OIT.
A entidade menciona o impacto da desaceleração chinesa na
economia brasileira sob a forma da redução na demanda por commodities, que de
acordo com as mais recentes estatísticas oficiais derrubou em 13% as
exportações para o país asiático, o principal parceiro comercial brasileiro
desde 2009.
O Brasil também aparece de forma negativa em um ranking da
OIT sobre vulnerabilidade empregatícia — índice que inclui, por exemplo, os
trabalhadores autônomos. Com uma taxa de 24%, o País tem um dos piores
desempenhos entre as grandes economias: apenas China e Índia, cujas populações
são pelo menos cinco vezes maiores que a brasileira, apresentam índices de
vulnerabilidade mais acentuados.
A OIT vê um quadro de fraqueza estrutural a longo prazo e
estima que, desde 2007, o número mundial de desempregados tenha crescido pelo
menos em 27 milhões de pessoas, impulsionado pela grande crise financeira
global de 2008-09.
De acordo com a entidade, o número total de desempregados
no mundo ultrapassará a marca de 200 milhões de pessoas até 2017. E pelo menos
1,5 bilhão de pessoas está em situação de emprego vulnerável.
Fonte: Portal R7
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