Radio Evangélica

sábado, 30 de janeiro de 2016

Afluxo de imigrantes na Alemanha aumenta temores de antissemitismo

Cresce a apreensão com a chegada de milhares de muçulmanos criados em países onde o antissemitismo e o sentimento anti-israelense são virulentos.
Atualmente, toda a conversa aqui gira em torno das ramificações do recebimento dos mais de um milhão de requerentes de asilo que chegaram aqui ao longo do último ano.
Muitos dos imigrantes são muçulmanos e de países com profunda antipatia em relação a Israel, levando a uma discussão preocupada a respeito do grau com que alguns refugiados podem trazer consigo atitudes antissemitas. Isso estimula os temores existentes entre os judeus na Alemanha, país onde acreditam que o antissemitismo já está crescendo, juntamente com apoio aos movimentos de extrema-direita.
A preocupação aparentemente é tamanha que a chanceler Angela Merkel, sem mencionar especificamente o afluxo muçulmano, tratou abertamente do sentimento antijudeu em seu mais recente podcast semanal.
"Infelizmente", ela disse, "o antissemitismo é mais disseminado do que imaginamos. Portanto, devemos confrontá-lo".
O Conselho Central dos Judeus na Alemanha conta com pouco mais de 100 mil membros, em comparação aos estimados 520 mil judeus no início de 1933. No quarto de século desde a reunificação alemã, israelenses e judeus seguiram para Berlim, onde cerca de 45 mil judeus agora vivem.
Merkel é uma firme apoiadora de Israel e das instituições judaicas. As crianças aprendem na escola sobre o Holocausto, e a Alemanha está prometendo dar aulas para ensinar aos recém-chegados sobre seus padrões, costumes e crenças. Eventos para celebrar a identidade judaica e o papel dos judeus na Alemanha são comuns.
Importantes políticos e figuras municipais se reuniram em 7 de janeiro para o 90º aniversário de W. Michael Blumenthal, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e presidente-executivo fundador do Museu Judeu de Berlim, que já contou com mais de 10 milhões de visitantes desde sua abertura, em 2001. Blumenthal, nascido e criado em Berlim e arredores antes de sua família fugir dos nazistas, está entre os muitos norte-americanos que elogiaram Merkel por acolher os refugiados.
Mas mesmo antes do afluxo de imigrantes, sinagogas, escolas judaicas e outras organizações funcionavam apenas sob constante proteção policial. E agora há apreensão com a chegada de centenas de milhares de muçulmanos criados em países onde o antissemitismo e o sentimento anti-israelense são mais virulentos do que na Turquia, o país de origem da maioria dos talvez mais de quatro milhões de muçulmanos da Alemanha.
Como Salomon Korn, o líder da comunidade judaica de Frankfurt, colocou em uma discussão pública neste mês: com os recém-chegados, "temos que agir com base na suposição de que eles têm um relacionamento diferente com os judeus do que os muçulmanos que viviam aqui até hoje".
Não há relatos de ataques antissemitas por imigrantes recém-chegados.
Antes mesmo da maré de imigrantes, alguns judeus se preocupavam com o fato de o sentimento antijudeu estar novamente se tornando aceitável.
Tamara Anthony, 38 anos, uma jornalista da emissora de TV pública NDR, causou furor com um comentário televisionado para todo o país --e também visto meio milhão de vezes no Facebook– em que descreveu ter interpelado um homem bem vestido em um bar chique de Hamburgo, após ouvi-lo dizer que o lugar de judeus era em câmaras de gás.
"'Sou judia', eu disse. 'Então você quer me matar?' 'Neste caso, sim', foi a resposta", disse Anthony. "Não pode caber apenas aos judeus" combater o antissemitismo, ela acrescentou.
Contatada três dias depois, Anthony se disse surpresa por quantas pessoas elogiaram o que chamaram de sua coragem. "Eu considero realmente ruim se temos que dizer na Alemanha que é corajoso dizer que alguém é judeu", ela disse.
Anthony disse que não pratica sua religião e reconhece que seu judaísmo nunca foi anunciado. Ela expressou preocupação com o fato de os políticos estarem satisfeitos com discursos elevados que ignoram a realidade em solo.
Na cidade de Wuppertal, no Vale do Ruhr, a comunidade judaica de 2.000 pessoas ficou ultrajada no ano passado quando um tribunal deu apenas uma sentença com suspensão condicional da pena a três palestinos que atiraram coquetéis molotov contra a sinagoga local em 2014. Os três disseram estar protestando contra a guerra em Gaza.
Uma apelação em 18 de janeiro resultou em sentenças mais duras, mas sem reconhecer o envolvimento de antissemitismo, disse Leonid Goldberg, um líder da comunidade judaica em Wuppertal. "Não é nada menos que um convite a todos os outros se comportarem da mesma forma", ele disse.
E com todos os novos recém-chegados muçulmanos, o temor dele é de que piorará. "Eles não mudarão apenas por estarem vivendo na Alemanha", ele disse.

Noticia publicado no The New York Times

Tradutor: George El Khouri Andolfato para o Notícias Uol 

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