Informações
estão na delação do Senador Delcídio do Amaral (Ex-PT-MS)
O ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), Teori Zavascki, determinou nesta segunda-feira (2) o envio para
o juiz Sérgio Moro do termo da delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem
partido - MS) sobre lavagem de dinheiro em uma operação irregular da Petrobras
com a multinacional francesa Alstom nos últimos anos do governo de Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
Delcídio apontou em delação um esquema de pagamento de
propinas entre 1999 e 2001 na aquisição de uma máquina da Alstom pela
Petrobras, e que tinha como beneficiários parlamentares baianos do PFL (atual
DEM). "As declarações do colaborador não revelam envolvimento direto de
pessoa com prerrogativa de foro nos fatos em apuração", afirmou Teori na
decisão. Caberá a Moro decidir se manterá ou não as investigações.
De acordo com Delcídio, a baiana OAS, também investigada
na Lava Jato, tinha interesse na compra da máquina GT24, da Alstom, e articulou
sua aquisição para atender a Refinaria Landulfo Alves durante um programa de
racionamento de energia implementado no governo FHC. O equipamento já havia
apresentado defeito em outros países. O então diretor da OAS, Carlos
Laranjeira, teria dito a Delcídio que a compra da máquina era de interesse da
empresa e que a construtora havia separado valores entre US$ 9 milhões e US$ 10
milhões para pagamento de propina a parlamentares do PFL baiano caso o
procedimento fosse realizado.
O projeto para adquirir a GT24 teria nascido no
Ministério de Minas e Energia, comandado na época por Rodolpho Tourinho.
Falecido em maio de 2015, Tourinho era dos principais nomes do PFL e aliado de
Antônio Carlos Magalhães.
A operação teria sido autorizada pelo diretor da
Petrobras na época, Henri Reichstul, com a participação de Nestor Cerveró,
gerente da área internacional e que se tornaria diretor do setor. No acordo de
delação, Cerveró afirmou que Delcídio recebeu propina de contratos das empresas
Alstom e GE quando ambos trabalhavam na Diretoria de Gás e Energia da
Petrobras, em 2001. Em um dos acertos, afirmou o ex-diretor, a propina saiu de
um contrato de US$ 500 milhões de turbinas de ar.
Delcídio foi preso preventivamente em 25 de novembro sob
acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O senador temia a delação
premiada do ex-diretor e, segundo o Ministério Público Federal, tentou comprar
o silêncio de Cerveró.
Diário do Poder
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