Emissários
do peemedebista tentam trocar renúncia à presidência da Câmara por preservação
do mandato no Conselho de Ética da Casa
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress |
Mesmo após o afastamento da presidência da Câmara e do
mandato de deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda conta com o esforço de
congressistas para tentar salvar seu futuro político. Nesta sexta-feira, um dia
após o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão unânime, suspender as
prerrogativas parlamentares de Cunha, deputados próximos a ele tentaram demover
membros do Conselho de Ética de aplicarem a maior penalidade ao peemedebista: a
cassação.
O acordo teria a seguinte forma: Cunha renunciaria à
presidência da Câmara em troca de uma punição mais branda, como um afastamento
- que já está em andamento, sem prazo definido, por força judicial. Nas
conversas após a decisão do Supremo, chamou atenção a quantidade de pedidos por
celeridade no processo - se o pacto for atendido, claro. A ação por quebra de
decoro contra Eduardo Cunha, alvo de sucessivas manobras de seus aliados, já é
a mais demorada da história do Conselho de Ética.
"Só ficarão aqueles que devem um pacto de sangue.
Quem tinha o compromisso de fazer algo só porque alguém pediu não vai trocar o
mandato por um voto", afirmou, ao site de VEJA, o vice-presidente do
conselho, Sandro Alex (PSD-PR). O congressista nega ter sido procurado por aliados
de Cunha e questiona a tentativa de acordo. "Ele perdeu o timing.
Deveria ter feito isso [afastar-se da presidência] no máximo após o
impeachment. Agora ele vai negociar o quê? Já está afastado e já perdeu o
mandato de presidente. Qual recurso seria possível para reverter essa sentença
unânime?", disse.
Relator da ação por quebra de decoro, o deputado Marcos
Rogério (DEM-RO) afirma que parecer da consultoria técnica da Câmara garante a
continuidade do processo mesmo após a decisão do supremo. Rogério deve
apresentar seu parecer final até o fim de maio. Após as esperadas manobras
regimentais, a ação deve estar disponível para ser analisada em plenário no dia
22 de junho. Caso seja cassado, Eduardo Cunha é enquadrado na Lei da Ficha
Limpa e fica inelegível por oito anos.
Renúncia - Cunha vem sendo orientado a abrir mão do comando
da Câmara dos Deputados - hipótese que ele rejeita. A intenção é minar a gestão
de seu sucessor, Waldir Maranhão (PP-MA), e emplacar a convocação de nova
eleição, possível apenas se houver vacância do cargo. Aliados do peemedebista
elaboram uma lista de candidatos ao maior posto da Câmara e rechaçam Maranhão
por sua falta de capacidade técnica e também de confiança - acreditam que ele
pode jogar com os dois lados, governo e Cunha.
Unidos pelo mesmo objetivo, mas por razões diferentes,
adversários do presidente afastado também lutam por um novo comando na Câmara
dos Deputados. Eles avaliam que Maranhão segue aliado de Eduardo Cunha, o que
lhe garantiria o poder de continuar influenciando politicamente na Casa. Nos
bastidores, fala-se que, com Maranhão à frente dos trabalhos, Cunha manteria
sua força sobre os deputados do centrão e do baixo clero e teria condições
inclusive de barganhar com Michel Temer, que, não à toa, demonstrou preocupação
com a determinação de afastamento. Está nas mãos de Waldir Maranhão o processo
de impeachment do vice-presidente da República.
www.veja.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário