Na OEA, representante norte-americano diz que processo respeitou as
instituições
Até Dilma Rousseff terá de responder ao Supremo porque classifica de
"golpe"
Foto: Fernando Bizerra Jr. EFE |
O embate entre partidários de Dilma Rousseff e
defensores do impeachment sobre
se o processo de destituição é ou não "golpe" se trasladou de vez às
esferas diplomáticas no exterior. Uma semana depois de Dilma ser afastada pelo
Senado, a OEA (Organização dos Estados Americanos) foi o palco para que EUA,
Argentina e Paraguai se confrontassem com as visões de Bolívia e Venezuela.
Pela primeira vez, um diplomata norte-americano foi menos protocolar e cauteloso
sobre a crise brasileira. O embaixador interino dos EUA, Michael
Fitzpatrick, afirmou que "o que está ocorrendo no Brasil foi feito
seguindo o processo legal e respeitando a democracia".
Fitzpatrick, questionado pela agência EFE, foi ainda mais
claro: “Não acreditamos que seja um golpe de Estado suave ou de qualquer tipo.
O que ocorreu no Brasil seguiu o devido processo legal constitucional,
respeitando completamente a democracia”. Barack Obama não
telefonou ao colega interinoMichel Temer e a
ideia da Casa Branca é
manter a discrição até que que o processo de impeachment passe por sua
última etapa no Senado.
Na reunião da OEA, Argentina e Paraguai, sócios do Brasil
do Mercosul, repetiram discurso semelhante ao do representante de Washington,
enquanto a aliança mais à esquerda liderada pela Venezuela se alinhava à tese
de Dilma Rousseff, que classifica o processo de "golpe".
O embaixador do Brasil na entidade, José Luiz
Machado e Costa, comemorou o posicionamento dos EUA: "Isso é positivo pois
é o pais que é o principal ator no cenário internacional reconhecendo a
legitimidade do processo de impeachment brasileiro", disse a O Globo.
A crise brasileira já tinha lugar de destaque na OEA. O
secretário-geral Organização
dos Estados Americanos, Luis Almagro, anunciou a sua intenção de fazer umaconsulta
à Corte Interamericana de Direitos Humanos a respeito de um processo
de impeachment que, segundo afirmou, “gera dúvidas e incertezas jurídicas”. A
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão independente ligado à
OEA, expressou também quarta-feira "profunda preocupação" com a falta
diversidade e a especulação sobre cortes em gastos sociais.
Alemanha
e Supremo
Do outro lado do Atlântico, a Alemanha também foi instada
a se manifestar. Questionado por um repórter, Martin Schäfer, porta-voz do
Ministério do Exterior da Alemanha, afirmou seu Governo não se deixa levar por
"jogos de palavra e formulações simples desse tipo". Schäfer afirmou
que o Governo trabalha com o interino e frisou que o Brasil é o maior parceiro
da Alemanha na
América Latina.
O uso da palavra "golpe" para designar um
processo de impeachment que considera sem base legal -obrigará a própria
presidenta afastada, Dilma Rousseff, a se explicar em dez dias ao Supremo
Tribunal Federal sobre o termo. A interpelação foi feita por partidos
de oposição e aceita pela ministra do STF, Rosa Weber. Dilma argumenta que o
atraso feito a um pagamento ao Banco do Brasil e decretos para aumentar verbas
em 2015 fora da meta fiscal, os
dois crimes de que é a acusada no impeachment, não configuram crime de
responsabilidade e que, portanto, o Congresso a afastou de maneira ilegal e
ilegítima.
El País
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