Foto: Paulo Ladeira/Folhapress |
Em seu primeiro
discurso no posto de presidente interino, Michel Temer fez um apelo ao
setor privado e à classe política pelo apoio a medidas e reformas para retomar
o crescimento do país e defendeu que a Operação Lava
Jato não sofra interferências que possam enfraquecê-la.
"A moral pública será permanentemente buscada por
meio dos instrumentos de controle", disse. "A Operação Lava Jato
tornou-se referência e, como tal, deve ter seguimento e proteção contra
qualquer interferência que possa enfraquecê-la", acrescentou.
Na cerimônia de posse dos novos ministros, o peemedebista
se concentrou em afagar o Congresso Nacional, se comprometeu à manutenção dos
programas sociais do governo petista, elencando-os nominalmente, e disse ter
"respeito institucional" à presidente afastada Dilma Rousseff.
"Faço questão e espero que sirva de exemplo declarar
meu absoluto respeito institucional à presidente Dilma Rousseff. Não discuto
aqui as questões por que ela foi afastada, mas observo a liturgia do trato das
questões institucionais", disse.
Em discurso de cerca de 25 minutos, apesar de ter citado
a petista, o peemedebista não poupou críticas à gestão da presidente afastada.
Segundo ele, o país vive neste momento "sua pior crise econômica" e
uma "grave situação caótica" na área da saúde.
"Nosso maior desafio é estancar o processo de queda
livre da economia", disse. "Compreendemos o momento delicado, difícil
e ingrato. Não podemos olhar para frente com os olhos de ontem",
acrescentou.
O peemedebista também prometeu medidas de saneamento da
máquina pública. Além do corte de nove ministérios, ele anunciou a encomenda de
estudos para eliminar cargos comissionados e funções gratificadas
desnecessárias, "sabidamente na casa dos milhares".
O presidente interino reconheceu que não busca a
"unanimidade" na aprovação popular, mas ressaltou que usará o diálogo
como busca de um entendimento.
"É urgente pacificar a nação e unificar o país. É
urgente fazermos um governo de salvação nacional com partidos políticos e
entidades organizadas que me prestem colaboração para tirar o país desta grave
crise em que nos encontramos", disse.
Entre as propostas sugeridas, o peemedebista defendeu o
incentivo a parcerias público-privadas e uma revisão do pacto federativo, que
dê maior autonomia a estados e municípios. Ele pregou também, apesar de ter
reconhecido derem temas controversos, reformas trabalhistas e previdenciárias com
o objetivo de dar sustentabilidade à administração federal.
"A modificação que queremos fazer tem como objetivo
o pagamento das aposentadorias e geração de emprego. A busca da
sustentabilidade será balizada pelo diálogo e pela conjugação de
esforços", disse.
Na chegada do presidente interino ao Palácio do Planalto,
foram lançados fogos de artifício. O peemedebista chegou ao local às 17h20,
depois dos
Antes da entrada dele, os novos ministros tiveram de
esperá-lo numa sala anexa ao local da cerimônia. Do lado de fora, em conversa
com deputados e senadores, Bruno Araújo (Cidades) teve de ser chamado pelo
mestre de cerimônia para se juntar aos demais.
Com a grande quantidade de convidados para a cerimônia,
promovida no menor salão para eventos do Palácio do Planalto, a maior parte da
imprensa teve de acompanhar o evento fora do local, por apenas uma televisão.
Por Gustavo Uribe, Gabriel Mascarenhas e Marina dias para a
Folha de São Paulo
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