Foto: Pedro Ladeira - 26.jan.2016/Folhapress |
A Procuradoria-Geral da República ofereceu ao STF
(Supremo Tribunal Federal) denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no inquérito que investiga se houve uma trama para comprar o silêncio e
evitar a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou
ao Supremo que houve um aditamento na denúncia que foi apresentada contra o
senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) sobre a operação para a barrar a delação
de Cerveró. Ele disse que a empreitada envolveu o pecuarista José Carlos Bumlai
e seu filho Maurício Bumlai.
"Se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José
Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró
para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e André
Esteves, dando ensejo ao aditamento da denúncia anteriormente oferecida".
Segundo Janot, há "diversos outros elementos"
comprovando a participação de Lula na empreitada, além da colaboração de
Delcídio.
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF,
analisará a denúncia. Ele vai elaborar um voto e apresentar à Segunda Turma do
tribunal, composto por cinco integrantes. Se o colegiado aceitar a denúncia,
Lula e os outros investigados serão transformados em réus. Não há data prevista
para essa análise acontecer.
Delcídio diz que Lula pediu "expressamente"
para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai porque o empresário
estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Para o
senador, Bumlai tinha "total intimidade" e exercia o papel de
"consigliere" da família Lula, expressão em italiano que remete aos
conselheiros dos chefes da máfia italiana. "No caso, Delcídio
intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró", afirma o
acordo de delação.
Na conversa com o ex-presidente, de acordo com outro
trecho da delação, Delcídio diz que "aceitou intermediar a operação",
mas lhe explicou que "com José Carlos Bumlai seria difícil falar, mas que
conversaria com o filho, Maurício Bumlai, com quem mantinha boa relação".
Depois de receber a quantia de Maurício Bumlai, a
primeira remessa de R$ 50 mil foi entregue em mãos pelo próprio Delcídio ao
advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também preso
pela Lava Jato e solto em
24 de fevereiro.
Delcídio passou quase três meses preso
por determinação do STF após ser gravado por um filho de Cerveró
tramando a fuga do ex-diretor da Petrobras.Ele
foi solto em 19 de fevereiro e a seguir pediu licença médica do
Senado.
OUTRO
LADO
Em nota, o Instituto Lula afirmou que a peça da PGR
indica suposições e hipóteses sem prova. "Trata-se de uma antecipação de
juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um
criminoso".
Acrescenta que Lula é alvo de uma devassa, embora não
tenha participado de qualquer fato investigado na Lava Jato. "O
ex-presidente Lula não deve e não teme investigações", finaliza o
Instituto.
A defesa de Delcídio do Amaral informou que o nome do
senador foi incluído como colaborador, como parte do acordo de delação premiada
firmado com a PGR.
A defesa de André Esteves "reitera que ele não
cometeu nenhuma irregularidade". Os demais não foram localizados.
Por Márcio Falcão para a Folha de São Paulo
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