AFP/Nelson Almeida |
Um espanhol apontado como mentor de um grupo de extrema
direita que realizou atentados sangrentos no fim dos anos 1970 vive no Brasil,
para onde fugiu quando seria processado por assassinato, assinala neste domingo
o jornal "El País", que o localizou e entrevistou.
"Sim. São os primeiros a chegar. Como me
localizaram?", perguntou José de las Heras Hurtado, 72, ao confirmar sua
identidade ao jornal, em um modesto restaurante que administra no Guarujá, em
São Paulo, onde vive.
Deixando para trás a mulher e dois filhos, o advogado
fugiu da Espanha em 1984, quando começava seu julgamento por assassinato, pelo
atentado contra um bar de Madri, em 1979, que deixou um morto e uma dezena de
feridos na época da transição para a democracia.
Autoridades o apontavam como líder do grupo Frente da
Juventude, ao qual são atribuídos este e outros atentados, que, no total,
causaram três mortes.
Apesar de ter sido detido em 1981 com outros membros da
organização, De Las Heras afirmou ao jornal que não conheceu as pessoas que
cometeram os atos violentos, e que deixou a Espanha porque não teria um
julgamento justo.
"Quando cheguei ao Brasil, às 10h30, começava na
Espanha meu julgamento. Dei gargalhadas. Eu estava no Rio de Janeiro! Ser
condenado a 20 anos de cadeia? Passar 20 ou 25 anos da minha vida em uma
prisão? Não, sob nenhuma hipótese. Eu amo a liberdade", disse.
"Parti porque me disseram: seu caso está prejulgado,
certamento irão condená-lo. Nunca me arrependi de minha decisão",
assinalou.
Graças aos laços criados com a direita latino-americana,
De Las Heras chegou ao Brasil com cartas de recomendação para viver no Chile ou
Paraguai, regidos por ditaduras de direita, mas optou pelo Brasil, onde começou
uma vida nova como cozinheiro em um hotel.
Apesar de as três ordens de captura internacionais da
Justiça espanhola contra ele já terem prescrito, a última em 2013, De Las Heras
afirma que não pensa em deixar o Brasil, onde vive com a nova mulher, uma
brasileira.
"Estou morando em uma favela, mas os vizinhos me
apreciam e me respeitam", diz.
AFP
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