Silva e Luna prestaram esclarecimentos no Senado sobre reajustes
O presidente da Petrobras,
Joaquim Silva e Luna, disse, nesta terça-feira (23), que a Petrobras não tem o
monopólio no setor de combustíveis no Brasil desde 1997 e que, por isso, não é
correto responsabilizar unicamente a estatal pelo aumento dos preços.
“Boa parte da sociedade está
presa à Petrobras de ontem e não à de hoje. A afirmação de que a Petrobras é um
monopólio não está correta. Ela compete livremente com outros atores do
mercado“, disse durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE) do Senado.
Convidado para esclarecer as
altas nos valores cobrados pelo diesel e a gasolina aos senadores, Silva e Luna
disse que a estatal responde por apenas uma fração dos preços do combustível no
Brasil. Ele lembrou aos senadores que empresas importadoras têm participação no
mercado e na formação de preços. Entre exemplos de grandes importadoras de
diesel e gasolina, ele citou Vibra, Ipiranga, Raízen e a Atem.
“A Petrobras acompanha preços
de mercado, resultado do equilíbrio entre oferta e demanda. A Petrobras
reajusta os preços dos combustíveis observando os mercados externo e interno,
competição entre produtores e importadores e a variação do preço no mercado
mundial, observando se trata de fenômeno conjuntural ou estrutural”,
argumentou.
Pandemia
Silva e Luna iniciou a
exposição com um resumo do contexto internacional que afetou o preço do
petróleo nos últimos dois anos. Ele lembrou que o preço do petróleo no mercado
internacional, o PPI, preço de paridade de importação, não é a única variável
que afeta os valores praticados pela empresa.
“A pandemia e o combate a ela
nos colocaram em uma posição diferenciada. Tivemos como consequência um choque
de demanda elevado, com uma oferta inferior à demanda. Como consequência, uma
escalada muito grande do preço das commodities. [Além disso], uma crise hídrica
e a desvalorização do real em relação ao dólar”, ressaltou.
Ao declarar que a Petrobras
chegou a ficar, sob sua gestão, 92 dias sem reajustar o valor do gás de
cozinha, 85 dias sem reajustar o diesel e 56 dias sem alterar o preço da
gasolina, o presidente da estatal foi criticado pelo senador Omar Aziz
(PSD-AM). “O salário do trabalhador brasileiro não é alterado a cada 90 dias,
como o combustível é hoje quase diariamente. É uma brincadeira achar que se
está fazendo um grande favor aos brasileiros”, disse o senador.
Capacidade
Questionado pelo presidente da
CAE, senador Otto Alencar (PSD-BA), sobre notícias de que as refinarias
estariam operando abaixo da capacidade máxima, Silva e Luna disse que a média
de produção das atuais 13 refinarias instaladas no país está em torno de 90%.
Segundo o presidente da Petrobras, houve paradas programadas, por causa da
covid-19, que já foram concluídas. “Estamos vivendo hoje um momento de
capacidade máxima, todas as refinarias funcionando”, garantiu.
Imposto
O presidente da Petrobras
criticou a criação de um imposto sobre a exportação de petróleo cru, em debate
no Senado, para capitalizar um fundo de equalização de preços dos combustíveis.
“Eventual taxa para a exportação de óleo pode trazer prejuízos para o mercado”,
avaliou, acrescentando que “preços artificiais” fragilizam o mercado.
Ainda na visão de Silva e
Luna, no momento em que a estatal tenta vender parte das suas refinarias, uma
possível taxação às exportações de petróleo bruto pelo Brasil poderia gerar
insegurança jurídica e afastar investidores do país. Para ele, uma medida que
poderia ser tomada no sentido de reduzir a volatilidade do preço dos derivados
do petróleo no mercado interno, seria a criação de um fundo estabilizador com
os dividendos da Petrobras, que este ano serão recorde.
Fonte: Agência Brasil –
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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