Crescimento acumulado no ano é de 3,8%
As vendas no comércio varejista caíram 1,3% na
passagem de agosto para setembro. É a segunda queda
seguida, embora menos intensa que a verificada em agosto (-4,3%), após a alta
de 3,1% de julho. Os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) foram
divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
O gerente da pesquisa, Cristiano dos Santos, afirmou que
desde o começo da pandemia de covid-19, em março de 2020, os dados do comércio
têm variado muito, volatilidade típica de um “novo rearranjo da estrutura
econômica como um todo”.
“Desde o início da pandemia, temos uma sequência de grande
amplitude. Houve uma grande baixa em abril de 2020, depois um cenário de
recuperação bastante rápida que culmina em outubro, uma queda novamente para
patamares de pandemia no início do ano de 202. Em seguida, tivemos um
crescimento também forte, que posicionou o mês de maio como o segundo
nível recorde, após outubro e novembro do ano passado. Agora, a
trajetória experimenta uma nova queda.”
De acordo com Santos, o impacto da pandemia na receita das
empresas está diminuindo, com apenas 2,3% delas dando essa justificativa para a
diminuição ou crescimento.
“A receita varia próxima da estabilidade em -0,2%. Então,
esse contexto de pandemia, pelo menos no que tange ao impacto detectado pela
pesquisa nas empresas da nossa amostra, está cada vez menor nos últimos meses.
A gente atinge patamares que são até menores do que o mínimo dessa série, ou
seja, quase não há mais relatos de impactos da pandemia na receita das
empresas. Impacto que já chegou a ser 63,1% de todos os relatos em abril de
2020.”
Inflação
Santos ressaltou que o principal fator que influenciou os
resultados do comércio em setembro foi a alta da inflação, além de mudanças nos
juros que afetaram o crédito.
“A inflação certamente é o mais importante nesses últimos
dois meses, mas também tem outros. O saldo da carteira de crédito, tanto para
pessoa física quanto jurídica, estabilizou nos últimos meses. Lembra que em
setembro teve uma reunião do Copom que reposicionou a taxa Selic, os juros
aumentam, então isso afetou o crédito. Tem o fenômeno também de aumento do
emprego formal, mas que está desbalanceado com relação à renda. Cresce o
emprego, mas num ritmo menor a renda”, disse.
De acordo com o gerente da pesquisa, isso se reflete na
queda maior no volume de vendas do que na receita das empresas.
“O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As
mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a
receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para
hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume.”
Atividades
Segundo o IBGE, seis das oito atividades pesquisadas
tiveram taxas negativas em setembro. As maiores quedas foram em equipamentos e
material para escritório, informática e comunicação (-3,6%), móveis e
eletrodomésticos (-3,5%) e combustíveis e lubrificantes (-2,6%). Porém, a
atividade de maior peso na formação da taxa de setembro foi
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que caíram
1,5%.
No comércio varejista ampliado, que inclui, veículos e
materiais de construção, o volume de vendas caiu 1,1% em setembro na comparação
mensal.
Na comparação anual, o comércio varejista caiu 5,5%, reflexo
da queda em sete das oito atividades. Apenas artigos farmacêuticos, médicos,
ortopédicos, de perfumaria e cosméticos tiveram crescimento, de 4,3%.
As quedas em relação a setembro de 2020 foram de 22,6% em
móveis e eletrodomésticos; -14,8% em equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação; -6,9% em outros artigos de uso pessoal
e doméstico; -4% em combustíveis e lubrificantes. Hipermercados,
supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caíram 3,7%; livros,
jornais, revistas e papelaria diminuíram em 3,4% as vendas; e o setor de
tecidos, vestuário e calçados ficaram estáveis, com queda de 0,1%.
Pandemia
Em relação ao cenário pré-pandemia, em fevereiro de 2020, o
comércio varejista está 0,4% abaixo e o comércio varejista ampliado em -1,7%.
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos estão
12,0% acima do nível pré-pandemia, material de construção está 11,7% acima e
outros artigos de uso pessoal e doméstico estão com vendas 5,8%
acima de fevereiro de 2020.
Por outro lado, as vendas de Livros, jornais, revistas e
papelaria estão 37,3% abaixo de fevereiro de 2020, equipamentos e
material para escritório, informática e comunicação continuam 18,7% abaixo e
combustíveis e lubrificantes permanecem 10,6% abaixo do nível pré-pandemia.
Fonte: Agência Brasil – Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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