A legalização do uso de drogas
ganhou um reforço nesta segunda-feira (17) no Rio de Janeiro. O secretário
estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, defendeu o fim da proibição em um seminário
internacional sobre drogas realizado na Fiocruz.
“Já
passou da hora de mudar isso”, disse Côrtes ao jornal O Dia. O evento, que
prosseguiu nesta terça-feira (18), foi organizado pelo Ministério da Saúde e
pela Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD). Côrtes pediu pressa
na revisão da política de proibição das drogas no país.
“Tenho
muitas dúvidas quanto à eficácia desta política e da criminalização do usuário.
A repressão está funcionando? E mais: acho que temos que resolver logo este
problema, colocar um prazo”, afirmou Côrtes.
O
secretário disse defender uma reforma “extremamente criteriosa”, para que o
tiro não saia pela culatra e para que a legalização, de fato, reduza os índices
de violência e de consumo.
“Precisamos
olhar caso a caso as experiências adotadas nos países que optaram pela
legalização. Alguns tiveram experiências positivas, outros não. Temos de ver
quais as drogas entrariam nesta política. Mas é preciso que seja rápido”,
reiterou.
O
antropólogo Rubem Cesar Fernandes, secretário executivo da ONG Viva Rio, que
também participou do seminário na Fiocruz, disse que está otimista quanto à
aceleração da discussão.
“A CBDD
levou ao Congresso Nacional a proposta de discussão, mas não queríamos dar
entrada este ano por conta do calendário eleitoral. Tudo indica que, a partir
de fevereiro, a gente comece a discutir essa questão. Acho que em 2013 já
teremos uma resposta positiva”, previu Rubem Cesar Fernandes.
Para o
antropólogo, o maior desafio será unir a bancada religiosa em torno de tema tão
polêmico: “Precisamos valorizá-los, trazê-los para junto de nós porque as
igrejas também têm um papel fundamental neste processo. O problema afeta a
todos nós”.
Países espelhos
O
seminário na Fiocruz, em Manguinhos, reuniu especialistas que discutiram a
possibilidade de uma nova política sobre as drogas.
Portugal,
Canadá e Uruguai, países que têm conseguido estancar o aumento do consumo e
reduzir índices de violência e mortes decorrentes do vício, estiveram
representados no evento.
A
ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, acompanhou as conclusões do seminário.
Favoráveis a lei
O
jornal O Dia também publicou matéria mostrando que existe uma liga formada por
agentes da lei que acredita na legalização do consumo e na regulação da
produção como medidas capazes de conter a violência causada pela luta entre
Estado e narcotráfico.
A Agentes
da Lei contra a Proibição (Leap Brasil) tem como integrantes o coronel Jorge da
Silva, ex-chefe do Estado Maior da PM, o delegado Orlando Zaccone, da 18ª DP
(Praça da Bandeira), e a juíza aposentada Maria Luiza Karam. “Legalizar não é
promover o consumo. O consumo já há em qualquer esquina. A solução é
regularizá-lo”, aponta Rubem Cesar Fernandes, diretor da ONG Viva Rio.
Fonte: O Dia/Verdade Gospel
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