Cresce o setor têxtil no Ceará
contribuindo substancialmente para a economia do Estado e para o
desenvolvimento da população. A indústria têxtil gera inclusão social pela
qualificação profissional de costureiras, aportando divisas para o Estado. A
demanda por mão-de-obra especializada na indústria têxtil levou o Sinditextil a
oferecer um curso de especialização para 500 mulheres que recebem Bolsa
Família. A celebração de convênios de natureza profissional respeitou certas
atribuições: caberia ao Governo garantir recursos; ao Senai a formação
profissional das costureiras, com um curso de 120 horas/aula; ao Sinditêxtil o
compromisso de cadastrar as mulheres formadas às inúmeras indústrias do setor,
gerando emprego às costureiras. O curso foi concluído. Os cadastros das
costureiras formadas foram enviados para as empresas, prontas para efetivar as
contratações.
O número de contratações foi zero. As
costureiras incluídas na Bolsa Família negaram-se a trabalhar com carteira
assinada. Na cabeça das 500 costureiras profissionalizadas prevaleceu a ideia
de que o “benefício” da Bolsa Família não deve ser perdido, amenos que elas
recebessem por fora, na base da informalidade, portanto, da ilegalidade em
relação às empresas. Estas se obrigaram a respeitar as leis trabalhistas,
negando-se a adotar um expediente escuso. Nenhuma costureira foi contratada. De
quem é a culpa ou a responsabilidade? O fato revela uma mentalidade atrasada,
atrelada à dependência e ausência de iniciativa. Luiz Gonzaga dizia que “esmola
a um homem sadio vicia o cidadão ou o mata de vergonha”.
“Dar pão e circo” é velho jargão
utilizado por políticos para alienar o povo, de barriga cheia e de mente vazia.
No relato da multiplicação dos pães consta que Jesus passou um carão no povo de
barriga cheia que correu atrás dele para fazê-lo “rei”. Nada de bom cai na mão
da gente se não for garimpado com amor e sacrifício. Sem trabalho o pão não vem
para casa. Pai que não ensina filho a trabalhar deforma-o, cria um vadio,
dependente, inseguro, ou um marginal. No Brasil cresce a demanda de mão-de-obra
qualificada, entanto, insuficiente para atender às dimensões básicas da
sociedade. Estão aí as áreas da construção civil, da agricultura familiar, do
agronegócio. Há espaço para todos, desde as profissões tradicionais às que
requerem aprimoramento científico e tecnológico.
Os brasileiros dormiram em berço
esplêndido. Atrasou-se por 4 décadas, em relação aos países que, com a visão de
futuro, priorizaram a formação dos seus filhos e neles investiram os recursos
do erário. A educação para o trabalho é valor prioritário para um povo. Não se
promove o pobre, não se supera a pobreza, a miséria e a fome combatendo os que
produzem riquezas com honestidade, com o suor do próprio rosto. Ante o nosso
atraso não temos outro caminho a seguir senão alavancando recursos para
viabilizar políticas de desenvolvimento. Nossa reconciliação assemelha-se à
fábula da cigarra e da formiga. Precisamos aprender a trabalhar, pois “forró e
cachaça” já temos demais!
Dom Aldo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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