Um Império em Crise
Nos tempos de glória, Roma dominava territórios imensos, do
norte da África à Bretanha. No entanto, essa grandiosidade tornou-se um peso
difícil de sustentar. A economia dependia do trabalho escravo
proveniente das conquistas — e, quando as guerras diminuíram, faltaram braços e
riquezas novas.
A inflação cresceu, a moeda perdeu valor, e o povo, sobrecarregado por
impostos, começou a abandonar os campos. Muitos agricultores tornaram-se servos
nas grandes propriedades dos nobres, enquanto a distância entre ricos e pobres
aumentava cada vez mais.
O Caos Político e a Corrupção
O poder em Roma já não era estável. Entre os séculos III e
IV, o trono virou prêmio de guerra: generais eram proclamados imperadores pelos
soldados e depostos meses depois. Essa sucessão de golpes e assassinatos minou
a confiança do povo e a autoridade do Estado.
Enquanto isso, a corrupção corroía as instituições. Governadores e funcionários
públicos enriqueciam às custas do povo, e a ideia de “cidadania romana” —
orgulho de séculos — começava a perder seu sentido.
O Cerco dos Bárbaros
Mas o golpe mais visível veio de fora. Povos chamados de
“bárbaros” — visigodos, vândalos, ostrogodos e outros — pressionavam
constantemente as fronteiras. No século V, fugindo dos Hunos de Átila,
muitos invadiram o território romano em busca de abrigo.
Sem soldados suficientes, Roma contratou esses mesmos bárbaros como
mercenários. Ironia do destino: os protetores se voltaram contra quem os
contratou. Em 410 d.C., os visigodos saquearam Roma. Em 455 d.C.,
foram os vândalos. A antiga capital do mundo já não inspirava temor, mas
compaixão.
O Último Imperador
Em 476 d.C., o general germânico Odoacro depôs
Rômulo Augusto. Em vez de nomear outro imperador, enviou as insígnias imperiais
a Constantinopla, reconhecendo que só o imperador do Oriente bastava.
A partir daí, o Ocidente se fragmentou em diversos reinos bárbaros — as
sementes do que viria a ser a Europa medieval. O Império Romano não desapareceu
de imediato: ele se transformou. Suas leis, sua língua e sua cultura moldaram o
futuro.
👉 Leitura relacionada:
veja também Constantino,
o Imperador que Transformou o Cristianismo em Pilar da Civilização Ocidental,
que mostra como a fé cristã sobreviveu e se fortaleceu nesse mesmo período
turbulento.
Conclusão: Um Fim que Foi um Recomeço
A queda do Império Romano do Ocidente foi, ao mesmo tempo, o
fim de uma era e o nascimento de outra. O mundo antigo cedeu
lugar à Idade Média, e as ruínas de Roma tornaram-se o alicerce sobre o qual a
Europa se reconstruiu.
Ainda hoje, suas ideias de direito, arquitetura e organização política
continuam vivas — prova de que, embora Roma tenha caído, nunca desapareceu
por completo.
Referências Bibliográficas
GIBBON, Edward. The History of the Decline and Fall of the Roman Empire. London: Penguin Classics, 1994. 6 v.
GOLDSWORTHY, Adrian. The Fall of the West: The Death of the Roman Superpower. London: Phoenix, 2009.
HEATHER, Peter. The Fall of the Roman Empire: A New History of Rome and the Barbarians. Oxford: Oxford University Press, 2006.
WARD-PERKINS, Bryan. The Fall of Rome and the End of Civilization. Oxford: Oxford University Press, 2005.
BROWN, Peter. The World of Late Antiquity: AD 150–750. London: Thames
and Hudson, 1971.

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