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Origem e Características da Ordem Coríntia
Acredita-se que a ordem Coríntia tenha sido criada
pelo arquiteto e escultor Calímaco, no século V a.C., em Atenas. Segundo
o relato do arquiteto romano Vitrúvio, a inspiração teria vindo de uma
cesta de oferendas deixada sobre o túmulo de uma jovem em Corinto, da
qual brotaram folhas de acanto que se entrelaçaram de forma harmoniosa —
um símbolo da fusão entre natureza e arte.
O capitel coríntio é o elemento mais marcante dessa
ordem. Diferente do estilo simples e robusto da Dórica ou das volutas elegantes
da Jônica, o Coríntio exibe uma composição exuberante de folhas de acanto
dispostas em duas ou mais camadas, com pequenas volutas nos cantos superiores.
Essa riqueza de detalhes confere às colunas um ar de leveza e movimento
naturalista, tornando-as ícones de beleza e requinte.
As colunas coríntias são também mais delgadas e
altas, com fustes canelados e bases ornamentadas. O entablamento, parte
superior sustentada pelas colunas, costuma apresentar frisos esculpidos em
relevo e cornijas ricamente decoradas, evidenciando o alto nível técnico e
artístico dos arquitetos gregos.
Simbolismo e Uso na Antiguidade
Mais do que uma questão estética, a ordem Coríntia
representava poder, luxo e prestígio. Por isso, foi amplamente utilizada
em edifícios públicos, templos e monumentos que buscavam expressar grandeza e
autoridade.
Um dos exemplos mais antigos é o Monumento Corágico de
Lisícrates (c. 334 a.C.), em Atenas, considerado o primeiro uso conhecido
da ordem Coríntia em um edifício externo. Contudo, seu auge se deu no Templo
de Zeus Olímpico, também em Atenas — uma obra monumental que levou séculos
para ser concluída e que se tornou símbolo da magnificência grega e do poder
imperial romano.
Durante o período helenístico e, posteriormente, o romano,
o estilo Coríntio foi amplamente adotado em templos, basílicas e arcos
triunfais, representando a continuidade da tradição grega sob a nova
estética imperial de Roma.
O Legado da Ordem Coríntia na Arquitetura Mundial
A influência da ordem Coríntia atravessou milênios. Durante
o Renascimento, o Barroco e o Neoclassicismo, arquitetos
europeus reviveram suas formas para simbolizar grandiosidade, harmonia e
permanência.
Hoje, colunas coríntias são comuns em edifícios
governamentais, tribunais, universidades e monumentos ao
redor do mundo. Essa permanência comprova como a visão estética dos gregos —
especialmente o ideal de equilíbrio entre forma e função — segue viva e
inspiradora.
A ordem Coríntia, portanto, é mais do que um estilo
arquitetônico: é uma expressão da busca humana pela beleza e perfeição,
um testemunho de como a arte pode atravessar o tempo e continuar moldando o
imaginário coletivo.
Referências Bibliográficas
SUMMERSON, John. A Linguagem
Clássica da Arquitetura. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006.
KOSTOF, Spiro. A History of
Architecture: Settings and Rituals. New York: Oxford University Press,
2010.
POLLITT, J. J. Art and
Experience in Classical Greece. Cambridge: Cambridge University Press,
1972.
VITRÚVIO. De Architectura
Libri Decem (Os Dez Livros de Arquitetura). Roma, século I a.C.
LAWRENCE, A. W. Greek
Architecture. New Haven: Yale University Press, 1996.

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