Em sua essência, o
câncer é uma célula entre milhões de outras que começa a funcionar mal. No caso
do câncer de mama, na maioria das vezes essa célula maligna fica nos ductos que
levam o leite da glândula mamária até o mamilo. Mas, por que ali e não em outra
parte? O que há nesta região? Questionou matéria publicada na BBC Brasil, nesta
quinta-feira (6).
David Gilley, da
Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana (EUA), e Connie Eaves, do
Laboratório Terry Fox da Agência para o Câncer em Vancouver, Canadá, ficaram
perplexos ao descobrir a resposta.
Em seu estudo,
publicado na revista especializada Stem Cell Reports,
eles explicam como descobriram que todas as mulheres – propensas ou não a
desenvolver câncer de mama – têm uma classe particular de células-mãe com
telômeros (estruturas que formam as extremidades do cromossomo) extremamente
curtos.
Os cientistas se
deram conta de que estes cromossomos, com as extremidades tão pequenas, fazem
com que as células fiquem mais propensas a sofrer mutações que podem
desenvolver o câncer.
Diferentemente de
muitos estudos sobre o câncer, a investigação se deu em mulheres normais que
doaram seus tecidos após terem se submetido a uma operação de redução de seios
por razões estéticas.
“O que procurávamos
eram possíveis vulnerabilidades em células normais que fizeram com que se
tornassem malignas”, explicou Gilley à BBC Mundo.
Prevenção
Eles explicam que
as células-mãe se dividem em células chamadas de diferenciadas ou finais, que,
por sua vez formam o ducto mamário. E é nessas células em que se origina o
câncer de mama, afirmam os especialistas.
Eles observaram que
quando os telômeros dessas células finais perdem sua função – que é a de manter
a estrutura do cromossomo, evitando que suas extremidades se juntem ou combinem
com os outros – pode ocorrer é “um verdadeiro caos” no ciclo celular que se
segue.
Apesar de todas as
mulheres terem células com telômeros bem curtos, nem todas desenvolvem câncer
de mama. Em alguns casos, porém, a multiplicação dessas células pode funcionar
mal e produzir uma célula maligna, explica Gilley.
Para os
especialistas, o estudo lhes permite entender o que está por trás do início do
câncer de mama e estabelecer marcadores que sirvam de parâmetros para exames a
partir de amostras de tecidos e sangue, e poder monitorar todas as mulheres,
especialmente as que têm alto risco de desenvolver o câncer.
O que tentamos
fazer foi olhar o câncer de uma forma distinta, nos focando em como começa”,
explica Gilley. ”Porque uma vez que o tumor se desenvolve, particularmente
em alguns tipos de câncer de mama, não há muito o que se pode fazer”.
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