RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O Brasil passará por um segundo
gargalo aéreo na década de 2020, após a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Hoje,
os problemas se concentram nos terminais de embarque. Dez dos principais
aeroportos brasileiros têm essa estrutura saturada.
Mas
mesmo que esse nó seja desatado, o país terá de lidar em seguida com a
saturação nas pistas e no tráfego de aviões sobre os aeroportos.
Hoje,
já há uma pista sobrecarregada: a do aeroporto de Congonhas. Um novo estudo da
FGV aponta que isso vai se alastrar. A pista de Viracopos deve chegar ao seu
limite até 2020. A partir daí, a situação se complica: até 2030, mais uma dezena
de aeroportos nas principais capitais vão precisar de investimentos em suas
pistas.
Isso
porque o atual "caos aéreo" brasileiro não é exatamente aéreo, mas
terrestre, no embarque. Já o número médio de pousos e decolagens por hora em si
é baixo: 38, ante uma média global de 88.
Com o
tempo, a tendência é que o número brasileiro se aproxime do internacional.
Em
2002, o Brasil realizou apenas 36 milhões de embarques. Em 2012, já eram 101
milhões, mas para os especialistas esse número ainda é pequeno para um país de
200 milhões de habitantes.
Os EUA,
com população de 300 milhões, realizam 650 milhões de embarques ao ano. A FGV
estima que o Brasil terá 195 milhões de passageiros em 2020 e 312 milhões em
2030.
Nesse
cenário, serão necessários investimentos de cerca de R$ 30 bilhões até 2030
para adequar os aeroportos.
A maior
parte desse valor, entre R$ 10,7 bilhões e R$ 14,2 bilhões, terá de ser
desembolsada entre 2020 e 2030.
Para
Gesner Oliveira, coordenador do estudo, a solução para eliminar esses gargalos
é expandir o investimento privado no setor. Nesse sentido, as primeiras
concessões, realizadas pelo governo federal em fevereiro de 2012 (Guarulhos,
Viracopos e Brasília), devem trazer investimentos de cerca de R$ 16 bilhões.
Para
Oliveira, evitar um segundo apagão aéreo após os grandes eventos esportivos
dependerá da agilidade nas novas concessões. "Além disso, se só um grupo
controlar os principais aeroportos, não haverá concorrência nem melhor
qualidade do serviço".
Em
evento na Fiesp no começo do mês, o presidente da Agência Nacional de Aviação
Civil, Marcelo Guaranys, disse que os estudos prévios para os editais dos
aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG) estão em fase de conclusão.
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