Advogado do Lula Imagem: AFP/Miguel Schincariol |
O Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF/DF)
denunciou nesta segunda-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por
tráfico de influências entre 2011 e 2015, ao beneficiar a empreiteira Odebrecht
na obtenção de contratos em Angola.
Lula, que presidiu o Brasil entre 2003 e 2010, também foi
acusado de cometer crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização
criminosa neste caso, que investiga negócios financiados pelo BNDES no país
africano.
Segundo o MPF/DF, Lula atuou "perante o BNDES e
outros organismos (...) com o propósito de garantir a liberação de
financiamentos por parte do banco público para realização de obras de
engenharia em Angola", que a Odebrecht executou.
Em contrapartida, a Odebrecht "distribuiu aos
envolvidos, de forma dissimulada, valores que, atualizados superam os 30
milhões de reais", detalhou o organismo em um comunicado.
Lula é acusado de ter cometido atos de corrupção entre
2008 e 2010, quando ainda era presidente, e de tráfico influências entre 2011 e
2015, como ex-presidente.
Outras dez pessoas foram denunciadas pelos mesmos
delitos, entre eles Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva
seu nome - que também está envolvida no caso de corrupção na Petrobras - e
Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho de Lula, titular de uma empresa que o
tio teria usado para lavar dinheiro.
Lula também ocultou os valores que recebeu da Odebrecht
mediante sua empresa LILS Palestras, que obteve os recursos como forma de
pagamento pela organização de conferências do ex-presidente no exterior,
informou o MP.
"Perseguição política"
"Depois de deixar a Presidência, Lula deu 72
conferências para 45 empresas de diversos países e setores de atuação. Tentar
criminalizar uma atividade que é realizada por muitos outros ex-presidentes só
se justifica por uma perseguição política", afirmaram os assessores de
Lula em sua página do Facebook, no momento em que a denúncia foi tornada
pública.
O ex-presidente já enfrenta um julgamento por corrupção e
lavagem de dinheiro no âmbito do escândalo de desvios na Petrobras e outro
processo por obstrução da justiça em Brasília.
"Lula nunca teve conhecimento de nenhum esquema de
corrupção instalado na Petrobras", afirmaram seus advogados nesta
segunda-feira, ao detalhar a defesa que apresentaram ao juiz Sergio Moro, que
conduz as investigações da Lava Jato em Curitiba.
Os advogados alegam que este processo está repleto de
"vícios" que o transformam em "arma de guerra" para
destruir seu cliente.
"Há muito tempo que Lula foi definido como o inimigo
número um a prescrever do cenário político brasileiro", afirmaram seus
advogados em nota.
Figura mítica da esquerda latino-americana, agora cercado
por diversas causas judiciais, Lula disse que está disposto a se candidatar
novamente nas presidenciais de 2018 para evitar que os partidos de direita
voltem ao poder.
O maior escândalo de corrupção na história do Brasil
atingiu em cheio o partido que ajudou a fundar, o PT, que nas eleições
municipais perdeu quase dois terços das prefeituras que conquistou em 2012.
A sucessora de Lula, Dilma Rousseff (2011-2016), foi
destituída em agosto acusada pelo Congresso de manipular as contas públicas.
Seu vice-presidente, Michel Temer, do PMDB (ex-aliado político do PT),
concluirá seu mandato até 2018.
AFP
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