Durante um período de apenas dois anos,
2011 e 2012, o qual representou o ápice da tão aclamada "agressiva
política de estímulos" do governo chinês em resposta à recessão do mundo
desenvolvido, a China consumiu mais cimento do que os EUA consumiram durante
todo o século XX!
Esse fato insano tem de
ser corretamente digerido. Eis uma maneira de colocar as coisas em suas devidas
proporções.
Pense em todo o processo
de urbanização ocorrido nos EUA ao longo dos últimos 100 anos. Pense na
construção de todos os edifícios comerciais, de todos os prédios residenciais,
de todas as casas, de todos os arranha-céus, e de todos os shoppings que
adornam as milhares de cidades americanas da costa leste à oeste.
Pense também na
construção de toda a infraestrutura do país, desde as simples ruas e avenidas
das cidades até as grandiosas represas Hoover, TVA e Grande Coulee, passando
por toda a malha de rodovias, aeroportos, portos, rodoviárias, estações de
trem, de metrô. Pense em todos os estádios de futebol americano, de beisebol,
de basquete, de hóquei; em todos os auditórios e estacionamentos que já foram
construídos no país.
Todo o volume de cimento
gasto nesse processo de 100 anos foi o mesmo que a China gastou em dois anos.
O resultado? Cidades
completamente vazias.
A China não é apenas
mais uma economia emergente que vivenciou um forte crescimento e que, agora,
está momentaneamente se esforçando para conter seus excessos.
Não.
A China é uma grotesca
aberração econômica, cujo modelo econômico simplesmente não tem semelhança a
nenhum outro modelo econômico já adotado por algum outro país em algum momento
da história — nem mesmo ao modelo mercantilista de estímulo às exportações
originalmente criado pelo Japão, e que já se comprovou insustentável.
O governo chinês está nas
mãos de um grupo de velhos comunistas que foram criados sob o regime de Mao.
Eles acreditam em planejamento central, ainda que de uma maneira mais diluída.
Eles enviaram seus jovens mais inteligentes para estudar economia nas
universidades americanas. Esses jovens retornaram para a China keynesianos.
A economia chinesa é
hoje uma mistura maluca de empreendedorismo de livre mercado, de investimentos
subsidiados e dirigidos pelo Banco Central, de mercantilismo keynesiano, e de
planejamento central comunista. Trata-se de um acidente monumental que está na
iminência de acontecer.
A China é uma nação que,
em decorrência de uma monumental bolha de crédito, incorreu em uma insana mania
especulativa direcionada majoritariamente para a construção civil.
As implicações desse
endividamento (todo crédito é um endividamento) e dessa especulação imobiliária
estão sendo resolutamente ignoradas por analistas que ainda estão iludidos pela
noção de que a China criou um modelo econômico singular chamado
"capitalismo vermelho".
Quando a dívida total
(pública e privada) de um país explode de US$1 trilhão para US$25 trilhões em
apenas 14 anos, isso não é capitalismo, nem mesmo vermelho.
Trata-se de insanidade
monetária conduzida pelo estado.
Quando as construções
pararem — seja porque os preços inflados dos imóveis estão caindo ou porque a
expansão creditícia não mais será capaz de continuar sustentando a bolha —, a
implosão será trovejante.
A produção de cimento
pode cair dos atuais 2 bilhões de toneladas por ano para meros 500 milhões; o
consumo de aço irá despencar proporcionalmente; frotas industriais de caminhões
de cimento e de transporte de aço ficarão ociosas; a demanda por pneus, por
componentes de motores, e por combustível para caminhão irá evaporar;
empreendedores que fornecem os serviços que suprem este gigantesco fluxo de
cimento e aço irão à bancarrota; os apartamentos vazios -- ainda chamados de
"investimentos" -- em posse de seus proprietários serão inúteis.
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