Radio Evangélica

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Desvendando o Brasil na Segunda Guerra: Uma Resenha de "1942: O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida", de João Barone

João Barone, conhecido baterista dos Paralamas do Sucesso, revela-se um historiador apaixonado e meticuloso em "1942: O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida".

O livro é uma imersão profunda e cativante na participação do Brasil no maior conflito da história — um período muitas vezes negligenciado ou envolto em mitos na memória nacional.

Barone não apenas narra os eventos, mas os contextualiza com riqueza de detalhes: desde a complexa política varguista até o dia a dia dos pracinhas nos campos de batalha italianos.

Leia também: LZ 127 Graf Zeppelin: O Gigante que Conquistou os Céus — outro marco da engenharia e da história mundial que cruzou os céus brasileiros.


Os Primeiros Ventos da Guerra e a Política do Pêndulo

Inicialmente neutro, o Brasil sob Getúlio Vargas praticava uma “política pendular”, equilibrando-se entre as potências do Eixo e os Aliados para extrair o máximo de benefícios econômicos e militares.

Barone explora essa ambiguidade, destacando o “namoro com o nazismo” e os receios americanos da influência germânica no Brasil. Contudo, a entrada do país na guerra foi precipitada por uma série brutal de torpedeamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães e italianos em 1942.

O terror causado por esses ataques — como o afundamento do Itagiba e do Arará — ceifou centenas de vidas. A pressão popular diante das imagens chocantes de corpos chegando às praias forçou Vargas a se posicionar.
Em 22 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo.

“A participação dos brasileiros na maior e mais cruel guerra já vivida pela humanidade foi uma página marcante em nossa história. Mas é surpreendente constatar que, depois de sete décadas, permaneça cercada de tabus e versões errôneas, sofrendo um esquecimento incompreensível, inaceitável.”
João Barone, capítulo “A Segunda Guerra Hoje”

O Nascimento da Força Expedicionária Brasileira (FEB)

A formação da FEB é um dos pontos altos do livro, retratada com todas as suas dificuldades e improvisações. Barone narra o desafio de “arregimentar (e capacitar) homens” para uma guerra moderna, partindo de um exército defasado em armamentos e doutrinas.

A célebre frase “É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil mandar soldados para a guerra” tornou-se um símbolo do ceticismo da época — mas a cobra fumou.
O Brasil enviou mais de 25 mil homens para lutar na Itália.

Barone destaca a adaptação dos pracinhas — muitos deles jovens humildes, sem experiência militar — às duras condições do front, do frio rigoroso dos Apeninos às armadilhas deixadas pelos alemães.
O “jeitinho brasileiro” também se manifestou, como no uso criativo de latas de goiabada para treinar a detecção de minas terrestres.

A FEB era, apesar de tudo, um espelho da sociedade brasileira, com suas “fileiras quase democráticas”. O autor menciona a surpresa dos americanos ao verem a integração racial nas tropas brasileiras, contrastando com a segregação ainda vigente nos exércitos Aliados.

No Coração do Conflito: As Ações da FEB na Itália

A narrativa ganha intensidade ao descrever as batalhas da FEB no teatro italiano — especialmente as de Monte Castello e Montese.
Barone humaniza a guerra ao relatar histórias como as do sargento Medrado, que sobreviveu a múltiplos ferimentos, e do sargento Max Wolff Filho, herói que tombou em combate.

A rendição de uma divisão alemã inteira em Fornovo di Taro, cercada pelos “caboclos” brasileiros, é apresentada como um feito inédito e surpreendente.

Barone também destaca a atuação da Força Aérea Brasileira (FAB), com o lendário 1º Grupo de Aviação de Caça — “Senta a Pua!”.
Histórias como a do tenente Danilo Marques Moura, abatido e depois retornando heroicamente à base, demonstram a tenacidade dos aviadores.

Veja também: Luís Joaquim dos Santos Marrocos: O Guardião da Memória Real e Cronista da Corte Portuguesa no Brasil.

Para conhecer o legado do “Senta a Pua!”, visite o Museu da Força Aérea Brasileira e explore os registros da aviação de caça na Segunda Guerra.

Os Bastidores e as Consequências da Guerra

O autor vai além dos combates: analisa os bastidores da política externa, a influência dos EUA com a “política da boa vizinhança”, e o “front interno” — incluindo o drama dos “soldados da borracha” na Amazônia.

Barone também aborda a xenofobia e a perseguição a imigrantes alemães, italianos e japoneses, e destaca figuras como o embaixador Souza Dantas, o “Schindler brasileiro”, que salvou judeus do Holocausto.

O pós-guerra surge com uma melancólica reflexão sobre o “triunfo ao silêncio”.
Os ex-combatentes, antes celebrados, foram rapidamente esquecidos pelo governo.
O autor lembra a proibição do uso de uniformes e medalhas — símbolo de um país que tentava silenciar seus heróis.

Uma Contribuição Essencial à História Brasileira

"1942: O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida" é mais que um relato histórico: é uma reflexão sobre identidade, memória e reconhecimento nacional.

Com linguagem acessível e envolvente, João Barone mistura o rigor da pesquisa com a vivacidade das histórias pessoais, construindo uma narrativa rica e emocionante.

Ele recorre a fontes variadas — documentos oficiais, relatos de veteranos e crônicas de correspondentes como Rubem Braga e Joel Silveira — para preencher lacunas e corrigir injustiças da memória histórica.

Conclusão: Um Livro Para Refletir e Valorizar Nossa História

Para Joabson João, contador autônomo e estudante de Negócios Imobiliários com interesse em marketing digital e programação, esta obra oferece mais do que história:
é uma lição sobre resiliência, estratégia e valorização da própria trajetória.

Mesmo em tempos de guerra, o “jeitinho brasileiro” e a capacidade de adaptação podem operar milagres.


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