Uma Capital de Arte e Escultura
O que distingue Copán de outras grandes cidades maias como
Tikal ou Calakmul é a sua incomparável produção artística. Os escultores de
Copán alcançaram um nível de detalhe e tridimensionalidade raramente visto em
outros lugares. Utilizando o tufo vulcânico verde, uma rocha local
relativamente macia, eles criaram estelas que são verdadeiros retratos em
alto-relevo de seus governantes. Diferente das estelas mais planas de outras
regiões, as de Copán são quase estátuas completas, repletas de detalhes sobre
as vestimentas, insígnias e feições dos reis.
O apogeu dessa expressão artística ocorreu durante o reinado
de Uaxaclajuun Ub'aah K'awiil, mais conhecido como "18 Coelho". Sob
seu governo, a praça principal da cidade foi adornada com as mais magníficas
estelas, cada uma celebrando um período de tempo e reafirmando o poder divino
do governante. Essas obras não eram meramente decorativas; eram narrativas de
poder, genealogia e cosmologia.
A Escadaria dos Hieróglifos: Uma Biblioteca de Pedra
Talvez o monumento mais extraordinário de Copán seja a
Escadaria dos Hieróglifos. Composta por 63 degraus e contendo mais de 2.200
glifos individuais, esta escadaria monumental constitui o texto maia contínuo
mais longo já descoberto. A inscrição narra a história dinástica de Copán,
detalhando as vidas, ascensões e rituais dos reis que governaram a cidade por
séculos.
Infelizmente, a maior parte dos degraus desabou e foi
encontrada fora de ordem, transformando sua decifração em um dos quebra-cabeças
arqueológicos mais complexos do mundo. Graças ao trabalho incansável de
epigrafistas, grande parte da história de Copán foi recuperada, revelando uma
linhagem real iniciada pelo fundador K'inich Yax K'uk' Mo' no início do século
V.
Centro de Conhecimento Astronômico
Além de seu brilho artístico, Copán era um centro de
vanguarda para o conhecimento científico, especialmente a astronomia. Os maias
de Copán realizaram observações celestes com notável precisão, refinando o
calendário solar para calcular a duração do ano com uma exatidão que rivalizava
com a de seus contemporâneos no Velho Mundo. Monumentos e estelas eram
cuidadosamente alinhados para marcar eventos astronômicos importantes, como
solstícios e equinócios, integrando a ciência, a arquitetura e a religião em uma
visão de mundo unificada.
Ascensão, Apogeu e Declínio
A história de Copán é uma narrativa clássica de ascensão e
queda. Fundada como um posto avançado no extremo sudeste do mundo maia, a
cidade cresceu em poder e influência, controlando rotas comerciais e centros
subsidiários. O longo reinado de "18 Coelho" marcou o auge de seu
poder e esplendor.
Contudo, a tragédia se abateu em 738 d.C., quando "18
Coelho" foi capturado e sacrificado por seu vassalo, o rei de Quiriguá,
uma cidade vizinha que se rebelou. Este evento chocante marcou um ponto de
virada, minando a autoridade política e militar de Copán. Embora a cidade tenha
continuado a construir monumentos por mais algumas décadas, ela nunca recuperou
completamente seu prestígio. Como muitas outras cidades maias das terras baixas
do sul, Copán sofreu um rápido declínio populacional no século IX, um processo
conhecido como o Colapso Maia Clássico, provavelmente impulsionado por uma
combinação de degradação ambiental, guerra endêmica e instabilidade política.
Hoje, como Patrimônio Mundial da UNESCO, as ruínas de Copán
não são apenas um testemunho de uma civilização perdida, mas um arquivo
duradouro da genialidade humana em arte, história e ciência.
Referências Bibliográficas
COE, Michael D. The Maya.
9ª edição. Thames & Hudson, 2015.
MARTIN, Simon; GRUBE, Nikolai. Chronicle
of the Maya Kings and Queens: Deciphering the Dynasties of the Ancient Maya.
2ª edição. Thames & Hudson, 2008.
SCHELE, Linda; FREIDEL, David. A
Forest of Kings: The Untold Story of the Ancient Maya. William Morrow
Paperbacks, 1992.
FASH, William L. Scribes,
Warriors and Kings: The City of Copán and the Ancient Maya. Thames &
Hudson, 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário