O significado da palavra está profundamente ligado às raízes
indígenas e à geografia amazônica que moldou a região.
A Raiz Indígena: O Rio dos Jacarés
A teoria mais aceita, sustentada por historiadores e
linguistas, indica que o nome Acre deriva da língua Tupi-Guarani.
A palavra original seria Aqyry ou Aquiri, que, transliterada
pelos colonizadores, deu origem à forma atual.
O termo Aqyry significa “rio dos jacarés” ou “rio que
tem jacarés”, uma referência direta à fauna local.
Essa designação foi usada pelos povos indígenas que habitavam as margens
do curso d’água que hoje conhecemos como Rio Acre. A abundância desses
répteis foi o motivo determinante para o batismo do rio.
Do Rio para o Território
A transição do nome do rio para toda a região foi um
processo natural, intensificado pela ocupação amazônica no século XIX.
Os rios eram as principais vias de transporte e comunicação. Exploradores como Joaquim
Victor de Lamare, em 1879, navegaram pelo Rio Acre e registraram
tanto suas características geográficas quanto os nomes usados pelos nativos.
Com o avanço da exploração da borracha, o território
banhado pelo Rio Acre tornou-se estratégico. As disputas culminaram na Revolução
Acriana e na posterior anexação da área ao Brasil, consolidando o nome
“Acre” para designar o território.
Em 1904, foi criado o Território Federal do Acre,
elevado à condição de estado brasileiro em 1962.
Uma Coincidência Histórica: Acre, a Medida de Terra
Muitos confundem o nome do estado com a unidade de medida acre,
usada em países anglófonos. Um acre equivale a 4.047 m².
Contudo, a semelhança é apenas fonética. As origens são
distintas:
- Acre
(estado): do Tupi-Guarani Aqyry, “rio dos jacarés”.
- Acre
(medida): do inglês antigo æcer, “campo aberto” ou “terra
arável”.
Curiosidade externa: Origem da
unidade “acre” — Britannica
Conclusão
O nome Acre é um legado dos povos originários da
Amazônia.
Mais que um nome geográfico, representa uma herança linguística que atravessou
séculos, unindo natureza e cultura.
“Acre” significa “rio dos jacarés”, um símbolo da
relação ancestral entre a terra, as águas e a história de seu povo.
Referências Bibliográficas
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore
brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global Editora, 2012.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de tupi antigo: a
língua indígena clássica do Brasil. 1. ed. São Paulo: Global Editora, 2013.
SOUZA, Márcio. Breve história da Amazônia. 2. ed. São
Paulo: Editora Record, 2019.
TOCANTINS, Leandro. Formação histórica do Acre. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: Instituto Nacional do Livro,
1979.
GOVERNO DO ESTADO DO ACRE. História e geografia do Acre.
Disponível em: https://www.ac.gov.br/.
Acesso em: 9 out. 2025.
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