Ex-presidente mantém postura imprevisível e reforça polarização global
Ting Shen |
Recentemente, Trump ironizou o
Canadá, aliado histórico dos Estados Unidos e membro da Otan, ao sugerir que o
país deveria se tornar o 51º estado americano ou, alternativamente, pagar
tarifas, estratégia de pressão recorrente do ex-presidente. Suas declarações,
vistas por alguns como exageradas, são interpretadas por seus apoiadores como
um meio de forçar negociações e resultados rápidos.
Em entrevista à ABC News, Mike
Waltz, novo assessor de segurança nacional de Trump, afirmou que o
ex-presidente “leva muito a sério as ameaças contra os Estados Unidos”,
destacando a crescente influência da China no Canal do Panamá e o
fortalecimento da Rússia no Ártico. Waltz reforçou que Trump manterá “todas as
opções na mesa” para proteger os interesses americanos, em contraste com a
abordagem de Joe Biden.
Estilo disruptivo e desafios
diplomáticos
O retorno de Trump ao
protagonismo político já rompeu com as transições presidenciais tradicionais.
Em uma cena inédita, o emir do Catar – figura chave nas negociações de
cessar-fogo em Gaza – se reuniu recentemente tanto com representantes de Trump
quanto com membros do governo Biden, sinalizando a complexidade das dinâmicas
diplomáticas atuais.
Embora o estilo de Trump
permaneça marcado por declarações bombásticas, há indícios de que ele pode
adotar abordagens mais tradicionais em algumas áreas. A nomeação de Keith
Kellogg, tenente-general aposentado e respeitado, como enviado à Ucrânia, e de
Marco Rubio como provável secretário de Estado, são exemplos de um possível
alinhamento com as correntes tradicionais do Partido Republicano.
Trump, no entanto, mantém seu tom
característico ao afirmar que poderia resolver a guerra na Ucrânia em um único
dia, possivelmente pressionando Kiev a ceder território à Rússia. Apesar disso,
Waltz sinalizou inicialmente o fortalecimento da Ucrânia para melhorar sua
posição em futuras negociações, apontando para uma abordagem mais calculada.
Diplomacia em foco
Entre as reações internacionais,
Lia Quartapelle, presidente do comitê de relações exteriores da Itália,
comentou que encontrou “disposição para discussões construtivas” com os
republicanos durante uma visita recente a Washington. A manutenção do apoio à
Ucrânia por parte dos Estados Unidos foi um ponto central das conversas, o que,
segundo ela, foi surpreendente diante da retórica combativa de Trump.
Enquanto aliados tentam decifrar
suas estratégias, Trump segue energizando seu eleitorado com sua postura de
“América em primeiro lugar”. Em um cenário global cada vez mais polarizado, sua
influência continua a moldar tanto os rumos internos quanto as relações
internacionais dos Estados Unidos.
Fonte: AFP
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