Tão logo o Congresso retome as atividades, em fevereiro de 2014,
a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) fará uma audiência
pública com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica,
Juniti Saito, para que sejam esclarecidos detalhes relativos à decisão do
governo brasileiro de comprar 36 caças da empresa sueca Saab.
Foi o que informou o presidente da CRE, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), ao repórter Adriano Faria,
da Rádio Senado. Na entrevista, o senador expressa a opinião de que
as ações de espionagem realizadas no Brasil pelo governo dos Estados Unidos,
reveladas pelo analista de inteligência americano Edward Snowden,
certamente prejudicaram a Boeing, empresa daquele país que disputava a
preferência das autoridades de defesa brasileiras com a Saab e a francesa
Dassault.
– Ainda que nossas autoridades não admitam, é evidente que houve
uma reflexão sobre isso. Quando você faz uma aquisição como essa, é como se
você estivesse fazendo um casamento. Então a geopolítica foi considerada,
juntamente com as questões de eficiência e performance – ponderou Ferraço.
Antecedentes
Anunciada na última quarta-feira (18), a escolha dos caças
suecos pôs fim a uma disputa que já durava quase duas décadas. Em 1996, o
governo Fernando Henrique Cardoso comunicou a intenção de adquirir as
aeronaves. O mesmo objetivo orientou o lançamento, em 2001, do programa FX-2,
ainda na gestão FHC.
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o então
presidente da República chegou a declarar que o Brasil compraria os
equipamentos fabricados pela francesa Dassault.
Na opção pelos caças de modelo Gripen NG, da Saab, pesaram,
conforme o Ministério da Defesa, a qualidade dos equipamentos, os custos de
aquisição – estimados em US$ 4,5 bilhões – e de manutenção e, sobretudo, os
compromissos de transferência de tecnologia e de nacionalização de boa parte do
processo de produção. Isso porque a parte de estrutura do avião e outros
componentes deverão ser produzidos em São Bernardo do Campo (SP), contribuindo
para o desenvolvimento da indústria aeronáutica do país.
Baixo investimento
No Senado, foram positivas as primeiras reações à escolha da
Suécia como parceira no projeto de reaparelhamento da Aeronáutica. Em discurso
em Plenário na quinta-feira (19), a senadora Ana Amélia (PP-RS) elogiou a decisão.
Lamentou, no entanto, a demora na definição do escolhido e os
baixos investimentos do Brasil nas áreas de defesa e de tecnologia.
Ferraço também fez declarações favoráveis ao caminho estratégico
pelo qual o país optou. Mas destacou a necessidade de “diálogo” entre Executivo
e Legislativo para que sejam esclarecidos “detalhadamente” os diversos aspectos
da decisão.
Um desses aspectos tem a ver com as providências que serão
tomadas para resguardar os interesses nacionais de defesa a partir deste mês –
quando a Aeronáutica deixará de utilizar os caças franceses Mirage – e até
2018, data em que está prevista a entrega dos primeiros aviões Gripen.
– Nós vamos fazer um diálogo muito aprofundado e detalhado sobre
as razões que levaram o governo brasileiro a decidir pelo jato supersônico
Gripen, e vamos debater o planejamento do Estado brasileiro para esses meses em
que termos um vácuo na ocupação desses espaços – afirmou Ferraço à Rádio
Senado.
Fonte: Agência
Senado
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