Pressionado pelo cenário da sucessão presidencial que desenha uma
disputa pelo segundo colocado com chances de enfrentar a presidente Dilma
Rousseff, o senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB, reuniu ontem
a bancada do partido na Câmara e afirmou não concordar que governadores e
candidatos tucanos façam campanha para o governador Eduardo Campos (PSB) em
eventuais palanques duplos.
O tucano discutiu com correligionários uma estratégia de discurso que apresente o PSDB como a real alternativa ao PT nas eleições de 2014, tentando neutralizar o espaço ocupado pela aliança entre Eduardo Campos e a ex-ministra Marina Silva nas últimas semanas.
Na semana em que o nome de Campos ganhou superexposição por conta da filiação de Marina ao PSB e o apoio da ex-ministra à eventual candidatura do pernambucano, Aécio estava em Nova York. O tucano fez uma palestra a convite do Banco Pactual e também estava em lua de mel. Ao lado de Marina, Campos viu seu nome crescer quase 10 pontos porcentuais na pesquisa Datafolha. O pernambucano alcançou 15% das intenções de votos; Aécio tem 21%.
O encontro reservado de ontem, um almoço de mais de duas horas, reuniu 44 dos 46 deputados federais tucanos. Aécio disse que para o PSDB aparecer como alternativa ao PT é preciso apresentar propostas de um novo modelo de política econômica que gere mais crescimento. Além disso, os tucanos teriam de citar mais as experiências que tiveram no governo federal, Estados e prefeituras. "O PSDB é quem reúne as melhores condições, os melhores quadros e a ousadia para dar um rumo novo ao Brasil", afirmou.
Segundo relatos dos parlamentares, Aécio observou que o cenário eleitoral caminha para uma disputa em dois turnos que é preciso ter regras claras nos palanques duplos em negociação com o PSB para que governadores e candidatos tucanos não façam campanha para Campos. "Essa questão precisa ser colocada com maior clareza. Os acordos vão seguir a lógica regional, mas os candidatos do PSDB apoiarão a candidatura nacional do PSDB", disse o mineiro, conforme relatos.
'Coisa de corno'
Aécio foi claro: disse que não gostaria de ver um governador do partido num comício de Campos. Na visão dele, somente políticos do PSB receberiam o governador de Pernambuco. O tema gerou debate e um deputado paulista provocou gargalhadas ao explicitar a traição típica deste tipo de acordo: "Palanque duplo é coisa de corno". Entre as possibilidades de chapas conjuntas estão os dois maiores colégios eleitorais do País, São Paulo e Minas.
Apesar do duelo com Campos, Aécio quer evitar ataques direitos ao governador de Pernambuco. Instado por deputados a atacar o discurso do "novo" da aliança Campos-Marina, recomendou serenidade, lembrando que precisará de apoio em eventual segundo turno.
"O relevante nesta pesquisa (Datafolha) é que mais de 60% da população não quer votar na atual presidente. Estou convencido de que o candidato que for para o segundo turno vencerá as eleições (...) Quem tem as maiores condições é o PSDB", disse Aécio a jornalistas, após a reunião. Também em entrevista, ele observou que as críticas de Marina e Eduardo à política econômica do PT são nas mesmas feitas pelos tucanos, que defendem o legado de FHC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
180 Graus
Vi no site: http://www.paraiba.com.br
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