Adriana Fernandes | Agência Estado
Num momento em que a política econômica é alvo de ataques dos
opositores da presidente Dilma Rousseff nas eleições, o Brasil vai enviar
missão técnica a Washington para discutir com o Fundo Monetário Internacional
(FMI) mudanças no cálculo da dívida bruta brasileira.
O grupo
será liderado pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Márcio Holland. A visita ocorrerá dos dias 20 a 26 de outubro, segundo despacho
publicado ontem (18) no Diário Oficial da União.
Em
julho deste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, enviou correspondência à
diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, pedindo a mudança. Pelos
critérios oficiais brasileiros, a dívida bruta do País fechou 2012 com o valor
equivalente a 58,7% do Produto Interno Bruto (PIB), mas nas contas do FMI esse
porcentual chegou a 68%.
A
diferença está na forma como são contabilizados os papéis emitidos pelo Tesouro
Nacional. O governo brasileiro quer que apenas uma parte deles seja considerada
na dívida do País.
O
governo brasileiro está empenhado nessa mudança porque o aumento da dívida
bruta, impulsionado pelos aportes de empréstimos do Tesouro ao Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Caixa Econômica Federal tem
sido motivo de crítica dos economistas, principalmente das agências
internacionais de classificação de risco.
A
dívida bruta tem tido forte alta nos últimos anos por causa desses aportes, e
hoje é ponto de desconfiança em relação à política fiscal brasileira. Mantega,
inclusive, já prometeu injetar menos dinheiro do Tesouro nos dois bancos.
Carta ao FMI
"O
governo brasileiro entende que critérios padronizados para estatísticas
nacionais são importantes para o FMI", disse o ministro na carta.
"Porém, dado que o critério corrente distorce a estimativa da dívida bruta
brasileira, solicitamos a revisão da metodologia." Em outro trecho, o
documento afirma que os dados do FMI estão "substancialmente
superestimados", e que isso prejudica a percepção sobre a situação fiscal
brasileira.
Mantega
explicou, na carta, que a metodologia de apuração da dívida bruta foi alterada
em 2008 para dar um retrato mais fiel
sobre a
situação das contas nacionais.
Ele
informou que, desde 2000, por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Banco
Central está proibido de emitir títulos.
Porém,
possui em carteira um volume elevado de papéis emitidos pelo Tesouro Nacional.
No fim de 2012, somava 20,6% do PIB.
Excesso de liquidez
Diferentemente
do FMI, que considera todos os papéis emitidos pelo Tesouro como dívida bruta,
o governo brasileiro só
contabiliza
como endividamento a parcela dos títulos que são utilizados em operações
compromissadas, "dado que esse valor é
associado
à dívida do Tesouro Nacional em poder do público".
Essas
operações são realizadas pelo Banco Central com o objetivo de retirar o excesso
de liquidez do mercado. A parcela correspondia a 11,9% do PIB em dezembro de
2012. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: http://atarde.uol.com.br
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