Segundo informações do jornal "Folha de S. Paulo", o
grupo norte-americano de defesa do consumidor Consumer Watchdog descobriu
documentos judiciais em que o Google afirma que seus usuários não têm
"expectativa razoável" de que suas mensagens sejam confidenciais.
Para John Simpson, diretor do projeto de privacidade da
organização, ficou claro que "o Google enfim admitiu que não respeita a
privacidade". "As pessoas deveriam aceitar a palavra deles. Se você
se incomoda com o sigilo de sua correspondência via e-mail, não use o
Gmail", diz Simpson, que classificou a revelação do Google como "uma
admissão chocante".
Em julho, o Google se posicionou sobre um processo coletivo que
acusa a corporação de violar as leis de escuta ao vasculhar o conteúdo de
e-mail a fim de direcionar anúncios aos usuários do Gmail. A ação alega que
empresa de serviços online "abre, lê e adquire ilegalmente o conteúdo de
mensagens privadas de e-mail de seus usuários e que a política do Google é
chegar bem perto da linha do inadmissível sem cruzá-la", diz a petição,
que cita Eric Schmidt, presidente do conselho da empresa
"Sem que milhões de pessoas o saibam, em base cotidiana e
há anos, o Google vem sistemática e intencionalmente 'cruzando a linha do
inadmissível' e lendo mensagens de e-mail que contêm informações que os
usuários não desejam que ninguém conheça, para adquirir, coletar ou minerar
informações valiosas contidas no e-mails", o processo alega.
Em resposta e solicitação de encerramento do caso, o Google
afirmou que os queixosos estavam "fazendo uma tentativa de criminalizar
práticas comuns de negócios" que são parte do serviço Gmail desde sua
introdução. O Google afirmou que "todos os usuários de e-mail devem
necessariamente esperar que seus e-mails sejam sujeitos a processamento
automático".
Os advogados da empresa também se pronunciaram dizendo que
"não se afirma o suficiente na queixa sobre o relacionamento específico
entre as partes e as circunstâncias específicas [da comunicação em questão], e
portanto não se pode extrair uma conclusão plausível de que essa forma de
comunicação gera expectativa objetivamente razoável de confidencialidade".
Conhecido como crítico veterano do Google, John Simpson disse
que "a argumentação do Google emprega uma analogia tacanha, a de que
enviar um e-mail é como confiar uma carta aos correios. Minha expectativa é de
que o correio entregue a carta no endereço que consta do envelope, e não a de
que o carteiro a abra e leia".
"De forma semelhante, quando envio um e-mail, espero que
seja entregue ao destinatário pretendido, com uma conta do Gmail baseada em um
endereço de e-mail. Minha expectativa deveria ser a de que o conteúdo será
interceptado e lido pelo Google", ele disse.
(Com informações do jornal
"Folha de S. Paulo")
Fonte: Bol
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