Radio Evangélica

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Lula diz que está voltando para a articulação política: “Estou no jogo”


Ex-presidente anunciou que, depois de o julgamento do mensalão terminar, vai falar


SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, em entrevista a veículos ligados ao movimento sindical de São Bernardo do Campo, que está voltando para articulação política e deu um recado: “estou no jogo”. O ex-presidente esclareceu, contudo, que não pretende ser candidato e que terá o "papel que Dilma quiser que ele tenha" na disputa do ano que vem. Sobre o mensalão, diz que depois que o todo o julgamento terminar, vai falar. "Tenho muita coisa a falar", mas não deu nenhuma pista do que seria.
— Se tem uma coisa que eu tenho vontade é de falar. Eu tenho cócegas na garganta para falar. E vocês ajudaram a quebrar o tabu, porque fazia tempo que eu não falava durante tanto tempo. E nunca imaginei que justamente pra vocês eu fosse dar uma entrevista mais difícil. Estou voltando com muita vontade, com muita disposição. Para felicidade de alguns, para desgraça de outros. É o seguinte, eu estou no jogo — disse Lula, em entrevista que durou 90 minutos no Instituto Lula.
Embora o ex-presidente já tenha dado uma grande entrevista para o jornal Valor Econômico no começo do ano, ele considerou esta como a primeira entrevista concedida desde que deixou o Palácio do Planalto em 2010.

Dizendo que não haveria pergunta "proibida", os jornalistas lhe perguntaram como estava vendo o julgamento do mensalão.
— Depois que o julgamento estiver totalmente concluído eu vou falar. E tenho muita coisa pra falar — disse Lula, para quem no aspecto político do julgamento os réus já foram "condenados há muito tempo”. Alegou que não falaria agora em "respeito às instituições envolvidas na questão".
A entrevista abordou também assuntos polêmicos. Lula defendeu a necessidade de um novo marco regulatório das comunicalções.
— Há um projeto. O Paulo Bernardo disse que ia fazer debates públicos, mas não andou —lamentou o ex-presidente, sem especificar que tipo de projeto o país precisa para o setor.
Lula considerou importantes as manifestações de rua de junho e julho. Para ele, os protestos colocaram em xeque todos os governantes - de prefeitos a presidente da República - "mas ajudaram a criar uma nova agenda política para o país, apesar do fato de alguns quererem se apropriar das manifestações para desqualificar a política.
— Se alguém chega para você dizendo "olha, eu não gosto de política, mas... Pode crer, essa pessoa está sendo política - — o ex-presidente a jornalistas dos veículos "amigos", como a TVT e Tribuna Metalúrgica, ambos ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
O ex-presidente falou também sobre a reforma política, com o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais.
— Vocês veem as grandes empresas fazendo campanhas contra o financiamento privado? Vocês veem empresários reclamando que não querem contribuir com campanhas eleitorais? - pergunta Lula, ressalvando porém que o Congresso não tem interesse, nem força, para fazer uma mudança importante no sistema político-eleitoral, porque põe em risco os próprios mandatos.
— Uma reforma para valer não vai acontecer agora. Por isso, vai ter de ser feita por meio de uma constituinte exclusiva, com ampla participação da sociedade — disse o ex-presidente.
Lula criticou também os "opositores" do programa "Mais Médicos", lembrando que o país não tem nem especialistas e nem tecnologia em diversas áreas do país.
— Lá atrás, quando rejeitaram a CPMF, tiraram R$ 40 bilhões por ano da saúde, achando que iam prejudicar o Lula. Mas prejudicaram foi o povo — lembrou.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/lula-diz-que-esta-voltando-para-articulacao-politica-estou-no-jogo-10132189

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