Nosso
evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder,
no Espírito Santo e em plena convicção.
1 Thess 1.5
Quero examinar um lugar onde há
demasiada mediocridade na igreja de Jesus Cristo: a pregação. Por cerca de 40
finais de semana por ano eu estou com alguma parte do corpo de Cristo em algum
lugar do mundo. Muitas vezes, não sou capaz de sair no sábado e, por isso, vou
assistir ao culto da congregação local (quando não estou programado para
pregar). O que estou prestes a dizer provavelmente vai me encrencar, mas estou
convencido de que precisa ser dito. Estou triste e angustiado por dizer isso,
mas já estou cansado de ouvir palestras teológicas chatas e mal preparadas,
dadas por pregadores não inspirados, lendo manuscritos, e tudo isso feito em
nome da pregação bíblica.
Não estou surpreso que as mentes das
pessoas divaguem. Eu não estou surpreso que as pessoas têm lutado para se
manter atentas e despertas. Estou surpreso que mais não têm. Eles têm sido
ensinados por alguém que não trouxe as armas apropriadas para o púlpito, a fim
de lutar por eles e com eles. A pregação é mais do que regurgitar seu comentário
exegético favorito, reformular os sermões de seus pregadores favoritos, ou
remodelar as notas de uma de suas aulas favoritas do seminário. É trazer as
verdades transformadoras do Evangelho de Jesus Cristo de uma passagem que foi
devidamente compreendida, convincentemente e praticamente aplicada, e entregue
com a ternura envolvente e a paixão de uma pessoa que foi quebrantada e
restaurada pelas verdades que ela irá comunicar. Você simplesmente não pode
fazer isso sem a devida preparação, meditação, confissão e adoração.
Simplesmente não dá para você
começar a pensar em uma passagem pela primeira vez no sábado à tarde ou à noite
e dar o tipo de atenção que ela precisa. Você não será capaz de compreender a
passagem, de ser pessoalmente afetado e de estar preparado para dá-la aos
outros de uma forma que contribua à contínua transformação deles. Como
pastores, temos que lutar pela santidade da pregação, ou ninguém mais o fará.
Temos que exigir que os afazeres do nosso trabalho permitam o tempo necessário
para se preparar bem. Temos que arranjar tempo em nossas programações para
fazer o que for necessário para cada um de nós, considerando nossos dons e
nossa maturidade, estejamos preparados como porta-vozes para nosso Rei
Salvador. Não podemos acomodar com padrões que denigram a pregação e degradem a
nossa capacidade de representar um Deus glorioso de uma graça gloriosa. Não
podemos nos permitir estarmos muito ocupados e distraídos. Não podemos
estabelecer padrões baixos para nós mesmos e para aqueles a quem servimos. Não
podemos nos desculpar e acomodar. Não podemos nos permitir espremer mil reais
em preparação em poucos centavos de tempo. Não devemos perder de vista Aquele
que é Excelente e a excelente graça que fomos chamados para representar. Não
podemos, porque estamos despreparados, deixar Seu esplendor parecer chato e sua
maravilhosa graça, ordinária.
A cultura e disciplina que envolve a
nossa pregação sempre revelam o verdadeiro caráter de nossos corações. É
exatamente aí que a confissão e o arrependimento precisam acontecer. Não
podemos culpar as exigências de nosso trabalho ou nossa ocupação. Não podemos
apontar o dedo para as coisas inesperadas que aparecem no calendário de cada
pastor. Não podemos culpar as demandas da família. Temos que humildemente confessar
que a nossa pregação é medíocre e que não está subindo ao patamar para o qual
fomos chamados. Nós somos o problema. O problema é que perdemos a nossa
admiração, e com essa perda nos acomodamos em apresentar a excelência de Deus
de uma forma que não é nada excelente. Qualquer forma de mediocridade no
ministério é sempre um problema do coração. Se isso o descreve, então corra ao
seu Salvador em humilde confissão e abrace a graça que tem o poder de
resgatá-lo de si mesmo, e, ao fazer isso, restaurar a sua admiração.
Paul Tripp
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