AFP/ TIMOTHY
A. CLARY
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No segundo dia do julgamento
realizado em Nova York de Antonio "Tony" Hernández Alvarado,
ex-deputado e irmão do presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, uma
testemunha da acusação afirmou que o chefe de Estado do país latino-americano
recebeu milhões de dólares em subornos de traficantes de drogas, incluindo do
mexicano Joaquín "Chapo" Guzmán.
O denunciante ouvido pelo
tribunal de Manhattan, levado pela promotoria, afirmou que ele e Tony Hernández
distribuíram cerca de 140 toneladas de cocaína durante 12 anos, e que em 2005 o
acusado lhe pediu 40 mil dólares para a campanha eleitoral de seu irmão, que à
época buscava a reeleição como deputado.
Segundo o promotor de Nova
York Jason Richman, o presidente hondurenho teria recebido milhões de dólares
em subornos de traficantes de drogas, e que "El Chapo" entregou
"pessoalmente" a Tony Hernández um milhão de dólares destinados a
Juan Orlando.
A testemunha da promotoria,
Víctor Hugo Díaz Morales, "El Rojo", um ex-traficante de drogas
hondurenho preso em Nova York por 17 meses, disse no tribunal ter participado
de 18 assassinatos e deu detalhes sobre os negócios que manteve com o réu entre
2004 e 2016.
No início, afirmou que Tony
Hernández deu a ele "informações sobre apreensões policiais e
investigações relacionadas a drogas" em Honduras para evitar apreensões,
em troca de pagamentos de 5 mil dólares. Então, o ex-deputado começou a
transportar, distribuir e até fabricar cocaína em seus próprios laboratórios.
"El Rojo" afirmou
que Tony Hernández se associou ao narcotraficante colombiano "El
Cinco" para fabricar cocaína em um laboratório na Colômbia, e que o
acusado lhe disse que a droga era comercializada numa embalagem com suas
iniciais, TH, escritas num logotipo semelhante à marca de roupas marca Tommy
Hilfiger". Em seguida, a acusação exibiu na corte uma foto de uma
apreensão de um pacote com um quilo de cocaína com as iniciais TH.
A promotoria acusa o
ex-deputado hondurenho de homicídio, tráfico de drogas, posse ilegal de armas
de fogo e de mentir para as autoridades.
Há um ano preso nos Estados
Unidos, Alvarado enfrenta uma pena que varia de de cinco anos detenção à prisão
perpétua.
"O mais importante, o
acusado era protegido pelo atual presidente (de Honduras), que recebeu milhões
de dólares em subornos de narcotraficantes, como Chapo Guzmán, que pessoalmente
entregou um milhão de dólares ao acusado para seu irmão", afirmou o
promotor nos argumentos iniciais.
Segundo Richman, o réu
integrava "uma organização patrocinada pelo Estado que distribuiu cocaína
durante anos" nos Estados Unidos visando embolsar milhões de dólares, e
que era protegida por uma rede de funcionários hondurenhos corruptos, entre
eles "prefeitos, legisladores, generais das Forças Armadas e chefes da
polícia".
Richman também acusou o
ex-deputado de ordenar ao menos dois assassinatos de narcotraficantes entre
2011 e 2013.
A promotoria americana
afirma que o dinheiro do narcotráfico enriqueceu o réu e financiou as campanhas
de vários candidatos do Partido Nacional, incluindo a do ex-presidente Porfirio
Lobo (2010-2014) e a de Juan Orlando Hernández, eleito em 2013 e reeleito em
2017.
A promotoria diz que provará
que Lobo e Juan Orlando Hernández são co-autores e que ambos foram eleitos
presidentes graças ao dinheiro do tráfico de droga.
O atual presidente
hondurenho, um aliado do presidente americano, Donald Trump, em assuntos
relacionados à segurança e migração, nega todas acusações e não foi denunciado
formalmente nos Estados Unidos
A denúncia é "100%
falsa, absurda e ridícula". "Isto é menos sério que Alice no País das
Maravilhas", afirmou Juan Orlando Hernández.
"Contamos com a
imparcialidade e seriedade da justiça americana, que pode separar a fantasia da
verdade ... para impedir que um julgamento se torne um linchamento
público", disse o presidente à imprensa em Tegucigalpa, capital de
Honduras.
Fonte: AFP
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