É o feitiço do tempo.
É o passado que não quer passar
É o peso das gerações mortas, como diria um pensador que os petistas apreciavam antigamente, oprimindo o cérebro dos vivos.
É a miséria moral se fingindo de resistência.
É o assalto ao Estado brasileiro e às suas instâncias.
É o novo patrimonialismo roubando o futuro dos brasileiros.
Enquanto o país se espantava com a bandalheira do mensalão
— aquele esquema em que um partido, banqueiros e altos funcionários da
administração se organizavam numa quadrilha para criar um Congresso
paralelo —, outra maquinaria criminosa, em tudo semelhante e com boa
possibilidade de ter movimentado quantidade ainda maior de dinheiro,
vigorava na Petrobras, a principal empresa brasileira.
Não,
senhores! Seus promotores e operadores não se intimidaram. Talvez
escarnecessem do país: “Vejam lá aqueles se estapeando por causa de pouco dinheiro, e nós, aqui, a operar uma máquina de corrupção bilionária”.
Sim,
leitores, por mais que o mensalão petista tenha movimentado uma fábula, o
valor é troco de pinga na comparação com os recursos que passaram pelo
“Petrolão”. Só a compra da refinaria de Pasadena — uma das operações da
máfia que tomou conta da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa — gerou aos cofres da empresa um prejuízo de US$ 792 milhões nas contas do TCU — ou R$ 1,8 bilhão.
Segundo o
engenheiro da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso, ao
contratar obras de empreiteiras, a Petrobras pagava propina a um grupo
de políticos do PT, do PP e do PMDB. Entre os principais nomes
implicados na lambança, está o de João Vaccari Neto, homem que cuida das
finanças do petismo.
O esquema
da Petrobras, que chamo aqui de Petrolão, em tudo reproduz o mensalão.
Não é diferente nem mesmo a postura do Poder Executivo, da Presidência
da República. Dilma repete, ainda que de modo um tanto oblíquo, o
conteúdo da frase célebre de seu antecessor: “Eu não sabia”, ainda que,
no comando da Petrobras, durante os oito anos de governo Lula e em quase
dois da atual gestão, estivesse José Sérgio Gabrielli, um medalhão do
PT, o principal responsável pela compra da refinaria de Pasadena.
Nada, nada
mesmo, lembra tanto a velha política como a gestão miserável que tomou
conta da Petrobras. Infelizmente para o país, o nome de Eduardo Campos,
antecessor de Marina Silva na chapa presidencial do PSB, aparece no
centro do escândalo. As falas de petistas e peessebistas se igualavam na
desconversa até ontem. Nesta segunda, Marina Silva mudou um pouco o tom
(ver post seguinte),
Para arremate da imoralidade, um ministro como Gilberto Carvalho (ver post) vem a público para atribuir a corrupção desavergonhada ao sistema de financiamento
de campanha. Segundo ele, caso se acabem com as doações privadas, isso
desaparecerá. Trata-se de uma falácia espantosa. Ao contrário: se e
quando as doações de empresas forem extintas, mais as estatais estarão entregues à sanha dos partidos.
Escreverei
isto aqui pela enésima vez: é claro que o PT não inventou a corrupção.
Os larápios já aparecem em textos bíblicos; surgem praticamente junto
com a civilização. Mas nenhum outro partido na história da democracia (e
até das ditaduras), que eu me lembre, buscou naturalizar a prática
corrupta como mera necessidade, como uma imposição dos fatos, como
tática de sobrevivência.
Até quando?
Nenhum comentário:
Postar um comentário