Por
Gabriel Castro, na VEJA.com. Volto no próximo post.
A construção do Porto de Mariel, em Cuba, ganhou o noticiário nos últimos meses porque o governo brasileiro concedeu, via BNDES, um empréstimo de 682 milhões de dólares à ditadura cubana para assegurar a obra – dois terços do valor total estimado para o porto. Além disso, os detalhes da transação foram estranhamente mantidos em sigilo. Em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff esteve na ilha dos irmãos Castro para a inauguração oficial do terminal portuário.
A construção do Porto de Mariel, em Cuba, ganhou o noticiário nos últimos meses porque o governo brasileiro concedeu, via BNDES, um empréstimo de 682 milhões de dólares à ditadura cubana para assegurar a obra – dois terços do valor total estimado para o porto. Além disso, os detalhes da transação foram estranhamente mantidos em sigilo. Em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff esteve na ilha dos irmãos Castro para a inauguração oficial do terminal portuário.
Mas
a história não acaba aí: um relatório elaborado por um painel de especialistas
do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que Cuba
utilizou o Porto de Mariel para abastecer com 240 toneladas de armamento um navio
norte-coreano, em descumprimento a sanções internacionais contra o regime
autoritário da Coreia do Norte. A operação, realizada há menos de um ano,
fracassou porque a carga secreta foi descoberta por autoridades do Panamá, já
no caminho de volta à Ásia.
Por
causa do flagrante, foi possível encontrar os registros de navegação e
reconstituir a rota do navio: em 4 de junho, o cargueiro Chong Chon Gang parou
em Havana, onde descarregou rodas automotivas e outros produtos industriais. Em
20 de junho, o navio aportou secretamente em Mariel. Lá, o material bélico foi
embarcado. Em 22 de junho, o Chong Chon Gang chegou a Puerto Padre, onde
recebeu a carga de açúcar que seria usada na tentativa de esconder o armamento.
A
maior parte da carga era formada por componentes que seriam usados em mísseis
terra-ar, dos modelos C-75 Volga e C-125 Pechora. Dois caças MiG-21,
desmontados, estavam no carregamento. Muita munição foi encontrada. Também
havia lançadores de mísseis, peças de radares, antenas, transmissores e geradores
de energia. Para diminuir os riscos, parte do material enviado recebeu uma nova
mão de tinta: os containers perderam a cor verde, indicativa da carga militar,
e foram pintados de azul.
Entre
os fatos que chamaram a atenção dos investigadores, aparece justamente a
escolha pelo Porto de Mariel: o relatório cita que a opção, em detrimento de
Havana e Puerto Padre, é mais uma prova das más intenções de cubanos e
norte-coreanos. “A carga foi aceita pelo navio sem os documentos básicos de
envio, recibos de carregamento, relatórios de carregamento e relatórios de
inspeção de carga”, diz o texto da ONU. O navio Chon Chong Gang trazia uma
declaração falsa de que carregava apenas açúcar-mascavo. E, na lista de portos
pelos quais a embarcação passou, não há referência a Mariel.
Os
dois governos admitem que Cuba estava enviando as armas para a Coreia do Norte,
mas alegam que o material passaria por reparos e seria devolvido à ilha dos
irmãos Castro. O painel da ONU não se convenceu: o fato de a carga estar
escondida se soma a orientações por escrito, encontradas a bordo, orientando a
tripulação a preparar uma declaração falsa e enganar as autoridades do Panamá.
O relatório fala em “clara e consciente intenção de burlar as resoluções”.
As
sanções que proíbem a venda de armas para a Coreia do Norte são consequência da
insistência do regime comunista em manter seu projeto nuclear, inclusive para
fins militares.
Por Reinaldo Azevedo
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