As Raízes da Gravação Sonora: Invenções
Precursoras (1857–1887)
1857 – Fonoautógrafo
Inventado por Édouard-Léon Scott de
Martinville, o fonoautógrafo foi o primeiro dispositivo a registrar ondas
sonoras graficamente. Utilizando um diafragma acoplado a uma pena que desenhava
os sons sobre um cilindro coberto de fuligem, a máquina não permitia a
reprodução do som — apenas sua visualização. Mesmo assim, marcou o início da
busca pela fixação do som no tempo.
1877 – Paléophone
Charles Cros propôs o conceito de gravação
e reprodução sonora por meio de sulcos fotogravados em superfícies metálicas.
Embora sua ideia tenha sido contemporânea ao fonógrafo de Edison, Cros não
chegou a construir um protótipo funcional.
1877 – Fonógrafo de Edison
Thomas Edison aperfeiçoou os conceitos
anteriores ao desenvolver o fonógrafo, um dispositivo que usava cilindros
metálicos recobertos de folha de estanho (posteriormente cera) para gravar e
reproduzir sons. O fonógrafo era operado por uma manivela e seu diferencial era
permitir a escuta imediata da gravação.
1881 – Grafofone
Criado por Alexander Graham Bell e Charles
Sumner Tainter, o grafofone trouxe melhorias ao fonógrafo de Edison. Utilizava
cilindros de cera endurecida e agulhas mais precisas, o que resultava em melhor
qualidade de som.
1887 – Gramofone de Berliner
A contribuição definitiva veio com Emile
Berliner, que substituiu os cilindros por discos planos de 12,7 cm, com
gravação lateral. Diferente do fonógrafo, que gravava por escavação vertical, o
gramofone registrava as vibrações em deslocamento lateral, o que futuramente
favoreceu a reprodução estéreo.
A Guerra dos Formatos: Cilindro vs.
Disco
A disputa entre os cilindros de Edison e os
discos de Berliner não foi decidida pela qualidade técnica. Na verdade, os
cilindros ofereciam reprodução mais constante devido à velocidade linear
uniforme, enquanto os discos perdiam velocidade conforme a agulha se aproximava
do centro. Contudo, os discos ganharam por: facilidade de produção, custo
reduzido, melhor armazenamento, design estético e simplicidade dos
reprodutores.
Berliner e a Democratização do Som
Gravado
Berliner, um imigrante judeu alemão, chegou
aos Estados Unidos aos 19 anos. Seu talento o levou a desenvolver o transmissor
de carbono — o primeiro microfone funcional — antes de se dedicar à gravação
sonora. O primeiro gramofone comercial foi lançado em 1889, inicialmente como
brinquedo infantil, evoluindo rapidamente com melhorias mecânicas.
O Legado do Gramofone
A invenção de Berliner mudou radicalmente a
maneira como a música era consumida e distribuída, criando uma indústria
fonográfica de massa, contribuindo para a internacionalização de artistas,
impulsionando o rádio e inspirando colecionadores até hoje.
Referências Bibliográficas
·
Chaline, Erich. 50 Máquinas que
Mudaram o Rumo da História. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
·
Library of Congress. Emile
Berliner and the Birth of the Recording Industry.
·
National Park Service. Origins
of Sound Recording.
·
Milner, Greg. Perfecting Sound
Forever: An Aural History of Recorded Music. Farrar, Straus and Giroux, 2009.
·
Read, Oliver; Welch, Walter.
From Tin Foil to Stereo: Evolution of the Phonograph. Howard W. Sams, 1976.
·
Gitelman, Lisa. Scripts,
Grooves, and Writing Machines: Representing Technology in the Edison Era.
Stanford University Press, 1999.
Nenhum comentário:
Postar um comentário