Estrutura Política e Forma de Governo
Desde a promulgação da Constituição de
1993, o Reino do Camboja é definido como uma monarquia constitucional unitária
com sistema parlamentar. De acordo com o artigo 1º da Constituição, "o
Camboja é uma nação independente, soberana, pacífica e indivisível, com um
governo monárquico constitucional sob um regime democrático e
multipartidário". O governo cambojano é dividido em três poderes:
Executivo (Primeiro-Ministro e Conselho de Ministros), Legislativo (Assembleia
Nacional e Senado) e Judiciário (independente conforme a Carta Magna).
Natureza Eletiva da Monarquia
Diferentemente de monarquias hereditárias
tradicionais, a monarquia cambojana é eletiva e vitalícia. O rei é escolhido
pelo Conselho do Trono, formado por altos funcionários e líderes religiosos,
entre os príncipes elegíveis das duas linhagens reais: Norodom e Sisowath. O
atual monarca, Rei Norodom Sihamoni, foi eleito em 2004 após a abdicação de seu
pai, Norodom Sihanouk.
O Papel do Monarca: Funções
Constitucionais e Simbólicas
Embora a função do rei seja
predominantemente cerimonial, ele possui atribuições constitucionais
relevantes: representar a unidade nacional; presidir a cerimônia de abertura do
Parlamento; nomear o Primeiro-Ministro; sancionar leis; decretar indultos; comandar
simbolicamente as Forças Armadas; e nomear membros do Senado e do Conselho
Constitucional. Conforme o artigo 7º da Constituição, “o Rei do Camboja reina,
mas não governa”. Todas as decisões reais devem estar em conformidade com a
recomendação do governo.
A Religião Oficial: O Budismo Theravada
O Budismo Theravada é a religião oficial do
Camboja, conforme estabelece o artigo 43 da Constituição. Cerca de 97% da
população se identifica como budista. A monarquia e o budismo são
historicamente entrelaçados, com o rei sendo considerado um "protetor da
fé". Apesar do apoio estatal ao budismo, a Constituição também garante
liberdade religiosa para outras crenças, desde que não ameacem a ordem pública.
Monarquia, Identidade Nacional e Cultura
A figura do rei é um símbolo cultural e
espiritual da nação cambojana. Em tempos de crise, o monarca é visto como um
elemento de estabilidade e reconciliação. A tríade que estrutura o ideal
nacional — Nação, Religião e Rei — reforça sua importância simbólica.
Desafios e Tensões Contemporâneas
Apesar de seu papel cerimonial, a monarquia
enfrenta desafios diante da centralização política e práticas autoritárias do
governo. As principais tensões incluem a falta de pluralismo, restrições à
imprensa e o uso da figura real para legitimar decisões políticas.
Conclusão
A monarquia cambojana combina tradição com
um sistema moderno de governança. Embora com poderes limitados, o rei continua
sendo um símbolo fundamental da coesão nacional, da cultura e da
espiritualidade cambojanas.
Referências Bibliográficas
CAMBOJA. Constituição do Reino do Camboja.
Disponível em: https://pressocm.gov.kh
CHANDLER, David. A History of Cambodia. 4th ed. Boulder: Westview Press, 2008.
HUGHES, Caroline. The Political Economy of Cambodia’s Transition, 1991–2001.
London: RoutledgeCurzon, 2003.
OECD. Cambodia: Governance, Democracy and Development. OECD Publishing, 2021.
PEANG-METH, A. Understanding the Cambodian Crisis: A Human Needs Perspective.
Human Rights Quarterly, vol. 17, no. 2, 1995.
UNICEF Cambodia. The Role of Religion in the Cultural Identity of Cambodian
Youth. Phnom Penh: UNICEF, 2019.
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