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Poll/AFP/François
WALSHARERTS |
Os líderes da União Europeia
(UE) definiram o prazo de duas semanas a partir desta quinta-feira (26) para
apresentar uma resposta econômica coordenada para conter o impacto econômico do
novo coronavírus, em uma cúpula por videoconferência que confirmou a divisão
entre os países do bloco.
"Convidamos o Eurogrupo
(de ministros das Finanças da Zona do Euro) a apresentar propostas em um prazo
de duas semanas", que levem em consideração "a natureza sem
precedentes do impacto a Covid-19", informaram em uma declaração conjunta.
Os mandatários europeus
adiaram, assim, uma resposta coordenada após seis horas de discussão por
videoconferência, durante a qual a Itália ameaçou não apoiar a declaração
conjunta final ao considerar insuficientes as ações comuns da UE.
Charles Michel, que
considerou as discussões "muito profundas, intensas e de qualidade",
explicou que as propostas do Eurogrupo devem "permitir enfrentar essa
crise e os seus impactos à estabilidade da UE".
As discussões, tanto dos líderes
como dos ministros das Finanças, na última terça-feira, foram marcadas pela
oposição entre os países do sul, que concordam em tornar os títulos da dívida
pública mútuos, e os do norte, contrários a essa decisão.
Os líderes da Itália,
França, Espanha e outros seis países aumentaram a pressão nesta quarta-feira ao
enviar uma carta pedindo para se buscar "um instrumento de dívida comum
por uma instituição europeia", iniciativa recusada pela Alemanha e a
Holanda.
Durante uma coletiva de
imprensa, a chanceler alemã, Angela Merkel, recusou o que seria chamado de
"coronabônus", defendendo o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE),
o fundo de resgate da Zona do Euro, que "oferece muitas
possibilidades".
Uma das ideias é que o MEDE
coloque em ação linhas de crédito precautórias para um país ou para um grupo de
países, embora alguns, como a Itália, sejam contra que se imponham condições
para a sua concessão, quando a crise da dívida continua na memória.
Os países europeus
reproduzem as divisões geradas durante a última crise da dívida, que surgiu
após o crash de 2008, entre o norte partidário da disciplina fiscal e o sul,
visto como mais displicente.
"Não se podem cometer
os mesmos erros da crise de 2008, que gerou descontentamento e divisão em
relação ao projeto europeu, e causou o aumento do populismo", ressaltou o
mandatário espanhol, Pedro Sánchez.
- Apoio duplo a Bruxelas -
A Europa, com 16.000 mortos
e cerca de 275.000 casos confirmados da doença, é o continente mais afetado
pelo novo coronavírus que, desde que surgiu em dezembro na China, matou mais de
23.000 pessoas no mundo e infectou mais de meio milhão, segundo balanço feito
pela AFP.
Por causa da pandemia da
Covid-19, a Comissão Europeia prevê que a economia da UE e da Zona do Euro,
onde milhões de pessoas estão em confinamento, entrará em recessão em 2020.
Os líderes solicitaram que
os presidentes do Executivo comunitário, do Conselho Europeu e do Banco Central
Europeu (BCE) "comecem a trabalhar em um roteiro que contenha um plano de
ação" para a recuperação econômica do bloco.
Eles também apoiaram as
medidas para conter a crise adotadas até o momento pela Comissão Europeia, como
a criação de uma Iniciativa de Investimentos em Resposta ao coronavírus, com a
qual a Eurocâmara pareceu ser favorável nesta quinta.
Além dela, a iniciativa que
busca mobilizar até € 37 bilhões em apoio aos sistemas de saúde, empresas e
cidadãos. Os eurodeputados também aprovaram as regras de faixas horárias no
setor do transporte aéreo, entre outras medidas.
Os 27 dirigentes também
apoiaram a "ação decisiva" do BCE com seu plano de compra da dívida e
a flexibilização por parte da Comissão quanto às regras sobre ajudas estatais e
de disciplina fiscal em apoio ao gasto público nacional.
Fonte:
AFP